Mais de cem pessoas morrem na passagem do ciclone Freddy por Malaui e Moçambique

Retorno do fenômeno atmosférico extremo foi ainda mais dramático que há três semanas no sudeste da África

A segunda passagem do ciclone Freddy em menos de um mês deixou um rastro de destruição e vítimas no sudeste da África no fim de semana. Nas últimas três semanas, a fúria da tempestade fez mais de 130 vítimas no Malaui e em Moçambique, países em que as autoridades declararam estado de calamidade. As informações são da agência Al Jazeera.

Segundo meteorologistas, o fenômeno atmosférico extremo possui características completamente peculiares e fez um trajeto circular. Ele atingiu Madagascar pela primeira vez no dia 21 de fevereiro. Depois, a tempestade formou-se sobre Moçambique e moveu-se para o Oceano Índico. De volta ao continente, chegou com ainda mais força no sábado (11) ao território moçambicano e de lá foi para o Malaui.

Tido como um dos ciclones mais fortes já registrados no Hemisfério Sul, o Freddy pode ser também o tropical mais duradouro, disse a Organização Meteorológica Mundial (OMN). A força dos ventos atingiu quase 150 quilômetros por hora, e entre os estragos foram registrados telhados arrancados, quedas de árvores, inundações generalizadas e deslizamentos de terra.

Cruz Vermelha do Malaui conduz operações de salvamento (Foto: Malawi Red Cross Society/Twitter)

A cidade portuária de Quelimane, em Moçambique, a cerca de 40 quilômetros de onde o ciclone atingiu a costa, ainda está amplamente isolada. “Estradas, água e eletricidade foram cortadas”, disse Guy Taylor, porta-voz do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Pelo menos seis pessoas morreram lá, disseram as autoridades à TV estatal na segunda-feira (13). A extensão total dos danos e as perdas de vidas em Moçambique ainda não estão claras, já que algumas partes da área afetada estão incomunicáveis.

Pelo Twitter, citando dados do governo local, a Cruz Vermelha do Malaui relatou que 66 pessoas morreram, 93 ficaram feridas e 16 pessoas estão desaparecidas. O fenômeno extremo afetou mais de 2.115 pessoas até segunda-feira (13). A organização está conduzindo operações de busca e salvamento, primeiros-socorros e evacuação hospitalar.

Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras, cerca de 200 feridos estavam sendo tratados no hospital até segunda. A maioria dos ferimentos foram causados ​​por queda de árvores, deslizamentos de terra e inundações repentina

“Muitas casas são de barro com telhados de zinco, então, os telhados caem na cabeça das pessoas”, relatou a diretora nacional da organização, Marion Pechayre.

Além disso, o Malaui também enfrenta seu pior surto de cólera. Estradas inacessíveis e infraestruturas danificadas dificultam equipes de resposta em alcançar pessoas que precisam de assistência. Autoridades em saúde preveem que a situação pode piorar pela passagem do Freddy.

O Freddy se formou no começo de fevereiro na costa noroeste da Austrália, antes de viajar milhares de quilômetros pelo sul do Oceano Índico em direção ao sudeste da África, afetando Ilhas Maurício e a Ilha da Reunião durante o caminho.

Segundo cientistas, a mudança climática está fortalecendo as tempestades tropicais, já que os gases do efeito estufa retêm o calor na atmosfera e há aumento contínuo na temperatura dos oceanos. Quando a água quente do mar evapora, a energia térmica é transferida para a atmosfera, gerando poderosas tempestades.

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