OMS apoia resposta a surto de cólera em Angola

País africano teve surtos entre 1995 e 2000, tendo registrado o mais mortal deles em 2011, com 2.284 casos e 181 mortes

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O Ministério da Saúde de Angola atua com a Organização Mundial de Saúde (OMS) num conjunto de medidas para prevenir e responder a um surto de cólera

Falando à ONU News, de Luanda, o especialista de emergência da OMS, Walter Firmino, apontou a colaboração de todos os intervenientes como uma razão para otimismo. As zonas de alto risco incluem limites do país com a Zâmbia e a República Democrática do Congo.

“Estamos expectantes de que, com a ajuda de todos, o país irá criar capacidades nas áreas críticas, especialmente nas zonas de fronteiras, em termos de preparar funcionários de saúde, pré-posicionamento dos kits essenciais e acesso à água potável, mobilização e engajamento das comunidades e outras capacidades. A meta é assegurar uma vigilância efetiva às medidas de prevenção e dar resposta adequada a uma possível ocorrência ou surto de cólera”, disse ele.

Imunização contra a cólera em Guiné Bissau, 2019 (Foto: Ocha/Saviano Abreu)

As autoridades sanitárias aumentaram a presença de técnicos nessas áreas para que implementem as medidas prioritárias para garantir que unidades de saúde possam determinar os casos.

Entre as prioridades definidas estão assegurar equipes de resposta rápida nos distritos e apoiar profissionais de saúde no tratamento da doença. Unidades de saúde das zonas fronteiriças distribuem sais de reidratação oral e fluidos intravenosos.

Importância de procurar tratamento precoce

O novo plano prevê identificar todas as fontes de água não tratada ou poluída, alargar a distribuição do cloro, tratar fontes de água potável e sensibilizar o público sobre a prevenção da cólera. As autoridades destacam ainda a importância de procurar tratamento precoce, entre outras medidas preventivas.

A diretora nacional de Saúde Pública de Angola, Helga Freitas, enfatizou a aposta de se garantir uma forte capacidade de prevenção e resposta à doença ao pedir a participação ativa da população.

As ações também contam com departamentos ministeriais, comunidades e parceiros envolvidos na preparação das operações em diferentes áreas, de acordo com o plano de contingência nacional.

Protocolos de tratamento da cólera

O representante interino da OMS em Angola disse que decorre uma investigação sobre o que “é crucial para determinar se um doente está ou não ligado a um surto.” Humphrey Karamagi afirmou que protocolos de tratamento estão disponíveis em todas as unidades de saúde, bem como sessões de formação. 

Karamagi expressou confiança nas medidas que o país tem adotado e a expetativa de que Angola possa reforçar a capacidade em áreas críticas.

Pelo menos 28 peritos, incluindo oito da OMS, atuam em dez das 18 províncias angolanas. As áreas de maior atenção são as províncias do Cuando Cubango e Moxico, perto da fronteira com a Zâmbia. 

Outra província onde o surto de cólera dura vários meses é a do Luanda Norte, que faz fronteira com a República Democrática do Congo.

Angola teve surtos entre 1995 e 2000, tendo registrado o mais mortal em 2011, com 2.284 casos e 181 mortes. A ocorrência mais recente, entre 2016 e 2017, afetou as províncias de Cabinda, Luanda e Zaire, com 252 notificações e 11 óbitos.

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