OMS reporta mais de 20 mil mortos no conflito do Sudão

Tedros Adhanom Ghebreyesus, chefe da OMS, afirmou que Cartum está em meio a uma grave crise ao concluir sua visita de dois dias ao país

Desde abril de 2023, o conflito entre o exército sudanês e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (RSF) resultou em mais de 20 mil mortes, afirmou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) no domingo (8). As informações são do Business Standard.

Durante uma coletiva de imprensa em Port Sudan, realizada em uma visita de dois dias ao país, Tedros Adhanom Ghebreyesus destacou que o conflito também forçou o deslocamento interno de mais de 10 milhões de pessoas, além de gerar dois milhões de refugiados nos países vizinhos.

Criança sudanesa com a mãe, ambas deslocadas devido ao conflito no país africano (Foto: Mohamed Zakaria/Unicef)

Ele descreveu a magnitude da crise como “chocante”, assim como a falta de ações para conter o conflito e aliviar o sofrimento da população. Segundo ele, quase metade dos 25 milhões de habitantes do Sudão necessita de ajuda urgente, enquanto 70% do setor de saúde do país está inativo.

Ghebreyesus pediu ao mundo que “desperte e ajude o Sudão a sair deste pesadelo”. No sábado (7), ele reafirmou o compromisso da OMS em lidar com as emergências humanitárias e de saúde no Sudão, que incluem insegurança, deslocamento em massa, enchentes, fome e surtos de doenças.

Por que isso importa?

O Sudão vive um violento conflito civil que coloca frente a frente dois generais que comandam o país africano desde o golpe de Estado de 2021: Abdel Fattah al-Burhan, chefe das SAF, e Mohamed Hamdan “Hemedti” Daglo, à frente da milícia das RSF.

As tensões decorrem de divergências sobre a incorporação dos combatentes das RSF às Forças Armadas, o que levou a milícia a se insurgir. Hemedti tem entre 70 mil e cem mil homens sob seu comando, de acordo com a rede Deutsche Welle (DW), enquanto al-Burhan lidera um efetivo de cerca de 200 mil.

No dia 16 de abril, um domingo, explosões puderam ser ouvidas no centro da capital Cartum, mais precisamente no entorno do quartel-general militar do Sudão e do palácio presidencial, locais estratégicos reivindicados tanto por militares quanto pelas RSF.

O aeroporto internacional da capital, tomado pela milícia, foi bombardeado com civis dentro. Aeronaves foram destruídas, e caças da força aérea sudanesa e tanques foram usados contra os paramilitares.

Embora as SAF sejam mais bem equipadas e em maior número, as RSF são igualmente bem treinadas, o que equilibra as ações. O balanço de forças apenas prolonga as hostilidades e a violência decorrente, com nenhum dos dois lados conseguindo se impor sobre o inimigo.

Desde que o conflito se espalhou, primeiro pela capital, depois por outras regiões, cerca de dez milhões de pessoas foram deslocadas dentro do país, com mais de dois milhões forçadas a cruzar as fronteiras para o exterior. A crise maciça deixou 25 milhões de pessoas necessitando de ajuda humanitária e proteção.

A terrível situação é agravada por uma grave escassez de suprimentos essenciais, já que as entregas de produtos comerciais e de ajuda humanitária foram fortemente restringidas pelos combates e pelos desafios de acesso ao território controlado pelas RSF.

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