O Lesoto, enclave dentro do território sul-africano, é um dos poucos países do mundo que não confirmou nenhum caso do novo coronavírus. Isso não significa que o país africano não esteja também passando por crise durante a pandemia.
Há meses, o reino está envolvido em um drama político envolvendo o primeiro-ministro Thomas Thabane diante da acusação de assassinato da sua ex-mulher Lipolelo Thabane, em 2017, ano em que assumiu seu segundo mandato. As informações são da Al Jazeera.
Dois anos após o crime, a atual esposa do primeiro-ministro, Maesiah, foi acusada de ser mandante do assassinato, ao lado do próprio governante. Thabane chegou a ser preso e solto após pagar fiança.
Os advogados do premier de 80 anos alegam imunidade, pela posição que ocupa no país. Thabane e a esposa Maeshia negam envolvimento no caso.

Renúncia
Após críticas, inclusive do próprio partido, Thabane afirmou que deixará o cargo em 31 de junho – se todos os preparativos necessários para sua aposentadoria estiverem prontos. A oposição pede a renúncia imediata.
Outro voto de desconfiança contra o primeiro-ministro foi dado pelo Tribunal Constitucional, que negou uma decisão de Thabane de suspender o Parlamento por três meses por causa do novo coronavírus.
Após a negativa, no último sábado, o premiê mandou soldados patrulharem as ruas da capital Maseru para “restaurar a ordem” contra “elementos nacionais desonestos que parecem estar em uma campanha para desestabilizar o país e a democracia”.
No domingo, os soldados saíram das ruas. O gesto foi visto por especialistas como uma forma de Thabane mostrar que ainda está no poder e que os militares estão ao seu lado.
Aposentadoria digna
Diante da crise, a África do Sul mediou um acordo para uma “aposentadoria digna” do premiê, caso ele se afaste do cargo imediatamente. Thabane teria dito então que as autoridades sul-africanas não teriam legitimidade para fazer a demanda.
Cercado pela África do Sul, o Lesoto já sofreu vários golpes de Estado desde que se tornou independente do Reino Unido em 1996.
