Risco de fome aguda e generalizada ameaça a Nigéria, diz agência da ONU

Mais de 2 milhões de crianças com menos de cinco anos estão desnutridas e 700 mil podem evoluir para quadro mais grave, segundo projeção

Cerca de 4,3 milhões de pessoas correm risco de fome aguda e generalizada na Nigéria. Os Estados mais afetados são Borno, Adamawa e Yobe, no nordeste do país africano. Com a falta de financiamento, as organizações humanitárias só têm condições de atender 300 mil dessas pessoas.

Para conter a crise, o Escritório de Assistência Humanitária da ONU (Ocha) lançou um plano de resposta estimado em US$ 396 milhões. O objetivo é evitar a desnutrição aguda entre crianças e ajudar as pessoas na próxima temporada de escassez de alimentos.

No nordeste da Nigéria, a escassez ocorre no período entre as colheitas. Nesse momento, as pessoas têm dificuldades para obter comida. No caso dos três Estados mais afetados, existem ainda os conflitos armados.

Famílias improvisam abrigo após serem expulsas de casa em Yola, na Nigéria (Foto: EU/ECHO/Isabel Coello)

O risco de fome aguda é mais elevado no período de junho a agosto. Estima-se que dois milhões de crianças com menos de cinco anos estejam enfrentando a desnutrição, e a tendência é de aumento. Cerca de 700 mil menores correm risco de desnutrição severa.

Com base nos dados, o Ocha alerta que, neste ano, o total de internações ligadas a casos complicados de desnutrição nos Estados do nordeste da Nigéria foi de quase 4,3 mil entre janeiro e março. Isso representa um aumento de 23% em comparação com o mesmo período em 2022.

Intervenções urgentes

Segundo o vice-porta-voz da agência, Jens Laerke, o financiamento antecipado pode ajudar a tirar as famílias de uma situação de extrema insegurança alimentar. E é urgente ampliar ainda mais as intervenções, incluindo fornecimento de alimentos, produtos terapêuticos e apoio aos meios de subsistência.

O Ocha alerta que caso essas intervenções não avancem, a situação de milhões de pessoas pode se tornar catastrófica.

As entidades humanitárias que atuam na região precisam de US$ 1,3 bilhão este ano, mas até agora receberam pouco mais de 11% desse valor.

De acordo com Laerke, quanto mais tempo as famílias ficam sem assistência, maior o risco de fome e morte, e mais pessoas podem ser forçadas a “estratégias prejudiciais e nocivas de sobrevivência”. Dentre elas exploração sexual, venda de posses e trabalho infantil.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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