Rússia envia armamento pesado à África e fortalece presença militar no continente

Tanques e veículos blindados chegam à Guiné e seguem por terra até o Mali, reforçando a atuação do grupo paramilitar Africa Corps

Navios de carga com bandeira russa atracaram no porto de Conacri, na Guiné, no fim de maio, trazendo tanques, obuseiros, veículos blindados e equipamentos de interferência eletrônica. O material militar foi descarregado sob escolta de um navio de guerra e, em seguida, transportado por caminhões até o vizinho Mali, segundo autoridades militares europeias e imagens de satélite analisadas pela agência Associated Press (AP).

A operação reforça o avanço do Africa Corps, grupo paramilitar controlado diretamente pelo Kremlin em substituição ao Wagner Group. Criada há dois anos, a milícia vem ocupando o espaço deixado por tropas ocidentais e por mercenários, especialmente após a saída da França da região do Sahel e em razão da crise interna do antecessor após a morte de seu líder, Evgeny Prigozhin.

Assimi Goita, coronel que governa o Mali, escoltado pelo exército (Foto: Twitter/PresidenceMali)

O comboio de veículos militares russos foi registrado por um blogueiro malinês ao longo da estrada RN5, que liga Conacri a Bamaco, capital do Mali. As Forças Armadas malinesas confirmaram que receberam novos equipamentos. Entre os armamentos identificados por analistas estão canhões de 152 milímetros, veículos BTR-80 com bloqueadores de sinal, blindados Spartak com metralhadoras montadas e caminhões-tanque com inscrições em russo.

A AP apurou que parte da carga — especialmente a mais sofisticada — estaria destinada não ao Exército do Mali, mas sim ao própria Africa Corps. Um bombardeiro Su-24 foi avistado em uma base aérea perto de Bamaco, sugerindo que o grupo passou a operar também com poder aéreo. O material bélico pode ter sido enviado como resposta a recentes ataques jihadistas, incluindo um que matou dezenas de soldados malineses em maio.

Além da força terrestre e aérea, o Africa Corps estaria recrutando diretamente na Rússia, oferecendo até 2,1 milhões de rublos (R$ 149 mil) e até terrenos como bônus para os contratados. A mudança de comando no Mali se consolidou dias após a entrega das armas, quando o Wagner Group anunciou sua retirada do país, dizendo ter cumprido sua missão, enquanto o grupo sucessor afirmou que permanecerá no território.

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