Somália surpreende as Nações Unidas e pede que missão no país africano seja encerrada

Equipe encarregada de aconselhar o governo em questões como segurança e manutenção da democracia sairá em outubro

A ONU (Organização das Nações Unidas) foi pega de surpresa nesta semana com um pedido do governo da Somália para que a missão da entidade no países africano seja encerrada. De acordo com a agência Reuters, todos os 360 membros da Missão de Assistência das Nações Unidas na Somália (UNSOM) terão que ir embora.

A UNSOM não é uma missão de paz composta por militares, e sim uma missão política. O objetivo é aconselhar o governo local em questões diversas, como manutenção da democracia e segurança. Três fontes da ONU ouvidas pela reportagem disseram que a entidade se surpreendeu com a decisão, que não era esperada.

Hassan Sheikh Mohamud, presidente da Somália (Foto: Flickr)

A tendência é a de que a ONU permaneça na Somália até outubro deste ano, quando termina o atual prazo concedido pelo governo local para manutenção da missão. Depois, terá que se retirar.

“O governo somali não solicitará mais a renovação do mandato da resolução 2705 (de 2023)”, diz uma carta assinada pelo ministro das Relações Exteriores, Ahmed Fiqi, e enviada à ONU, com conteúdo reproduzido pelo site jornalístico Garowe. “Acreditamos que agora é apropriado fazer a transição para a próxima fase da nossa parceria. Estamos confiantes de que as conquistas e lições aprendidas durante a presença da missão continuarão a orientar os nossos esforços para sustentar a paz e a prosperidade.”

Ultimamente, Mogadíscio e a UNSOM não vinham se entendendo bem, com a missão bastante criticada pelo governo sob a acusação de interferir demais em assuntos estatais. As Nações Unidas, por suas vez, têm sido bastante críticas à situação no país, sobretudo no campo de segurança.

A decisão do governo somali surge dias depois de a ONG Anistia Internacional atribuir às Forças Armadas do país um ataque aéreo que deixou 23 civis mortos em 18 de março. Drones fornecidos pela Turquia teriam sido responsáveis pelo bombardeio, ocorrido durante uma operação de combate ao Al-Shabaab, grupo terrorista associado à Al-Qaeda.

Anteriormente, a Somália já havia decidido encerrar também uma missão de paz liderada pela ONU e pela União Africana (UA) que conta com cerca de dez mil soldados. Ao final do ano, os militares deixarão o país e repassarão às forças locais as tarefas a eles atribuídas.

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