Unicef quer mais fundos para o desenvolvimento da primeira infância em Moçambique

Cerca de 55% das crianças com menos de seis meses são amamentadas exclusivamente no país; apenas 15% têm uma dieta mínima aceitável

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

A situação da criança nos primeiros mil dias de vida e seu impacto significativo na primeira infância é uma das preocupações do governo de Moçambique e do Unicef (Fundo das Nações Unidas para Infância). 

O tema reuniu as duas partes com organizações da sociedade civil e não governamentais. O Unicef pediu um maior investimento para a expansão dos serviços do desenvolvimento na primeira infância. 

O representante adjunto da agência em Moçambique, Yannick Brand, citou a necessidade de comprometimento no crescimento nos primeiros dois anos. Entre os benefícios estão evitar efeitos nocivos na saúde dos menores, assim como no capital humano dos adultos, em níveis de escolaridade e no rendimento. 

Crianças deslocadas brincam em campo de refugiados da Unicef na cidade de Beira, Cabo Delgado, Moçambique, em janeiro de 2021 (Foto: Unicef/Ricardo Franco)

“Em Moçambique, 52% das mulheres fazem quatro ou mais consultas pré-natais durante a gravidez. As consultas pré-natais e as consultas de saúde infantil em algumas partes do país iniciaram recentemente o rastreio dos marcos de desenvolvimento das crianças e a provisão de apoio às crianças que enfrentam desafios ou atrasos no desenvolvimento normal. É necessário um investimento significativo para expandir estes serviços em nível nacional”, disse Brand.  

Estudos recentes indicam que, no momento da concepção, o corpo e o cérebro das crianças respondem e adaptam-se a fatores no útero que afetam o seu desenvolvimento ao longo da vida. 

Desnutrição crônica 

Estima-se que um terço das crianças moçambicanas sofra de desnutrição crônica. Quase 55% dos menores de seis meses de idade são amamentados exclusivamente e, apenas 15% deles podem ter uma dieta mínima aceitável. 

Para o representante adjunto do Unicef em Moçambique é responsabilidade coletiva garantir que cada criança tenha a oportunidade de crescer em um ambiente saudável. 

“Em Moçambique, cerca de 8,5 mil agentes comunitários de saúde trabalham em comunidades remotas provendo serviços básicos de saúde e nutrição. O Unicef tem trabalhado com o Ministério da Saúde e parceiros para integrar a promoção de brincadeiras e cuidados responsivos nas políticas nacionais, formações e materiais de trabalho dos agentes comunitários de saúde, especialmente nas províncias de Nampula e Maputo, ensinado aos cuidadores a importância de brincar e estimular as crianças pequenas”, afirmou o representante.

Ambiente saudável 

Como forma de encontrar soluções para o crescimento saudável das crianças nos primeiros mil dias de vida, o Unicef atua com o governo e parceiros para redobrar esses esforços.  

“Sabemos também que apenas 47% dos cuidadores em Moçambique estão envolvidos em atividades de estimulação precoce e, apenas 3% de crianças, têm brinquedos em casa. É por isso que o Unicef trabalha igualmente com o Ministério do Gênero e Ação Social em visitas domiciliárias com apoio psicossocial e aconselhamento aos cuidadores de crianças pequenas inscritas no Programa de Subsídio à Criança em 13 distritos”, declarou Brand.  

Especialistas apontam que o acesso a fatores como saúde, nutrição, cuidados responsivos, estímulos desde cedo, segurança e proteção apropriados por parte dos cuidadores levam a aproveitar todas as potencialidades da criança. 

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