Jordan Goudreau, ex-membro das Forças Especiais dos EUA, afirmou na última sexta-feira (10) que a CIA, principal agência de inteligência do país, e o FBI, a polícia federal norte-americana, sabotaram sua operação para remover Nicolás Maduro do poder na Venezuela em 2020. A declaração foi feita em um vídeo publicado nas redes sociais, no mesmo dia em que o presidente tomou posse para um terceiro mandato. As acusações de Goudreau foram apresentadas em documentos protocolados por seus advogados na corte federal de Tampa, onde ele enfrenta acusações de tráfico de armas. As informações são da agência Associated Press (AP).
Segundo os advogados, Goudreau tinha “aval dos mais altos níveis do Poder Executivo” para realizar a missão, batizada de “Operação Gideon”. No entanto, a incursão anfíbia fracassou, resultando na morte de vários combatentes e na prisão de dois ex-colegas dele, que ficaram detidos por anos na Venezuela até serem libertados em uma troca de prisioneiros.

O plano envolvia uma força improvisada de desertores do exército venezuelano treinados na Colômbia. No entanto, as forças de segurança venezuelanas, que já haviam se infiltrado no grupo, rapidamente neutralizaram a operação. Maduro usou o episódio como propaganda para acusar os EUA de tentativas contínuas de desestabilizar seu governo.
Relações tensas e desdobramentos judiciais
De acordo com os advogados, Goudreau foi recrutado para a operação por Keith Schiller, ex-segurança pessoal de Donald Trump, que teria organizado um encontro entre o agente e assessores do líder oposicionista Juan Guaidó. O objetivo era buscar apoio financeiro e logístico para a missão, que contava com um contrato firmado entre a empresa de Goudreau, a Silvercorp USA, e representantes de Guaidó. No entanto, a oposição rompeu contato meses antes do ataque, citando instabilidade mental do ex-soldado e a falta de respaldo oficial do governo americano.
No processo, a defesa de Goudreau alegou que o então vice-presidente Mike Pence teria conhecimento da operação, mas ele próprio negou categoricamente. Além disso, o agente sustenta que se encontrou em Washington com dois funcionários do governo Trump, um deles ligado ao gabinete de Pence.
A “Operação Gideon” virou motivo de piada internacional, sendo apelidada de “Baía dos Leitões 2”, em alusão à fracassada invasão de Cuba pelos EUA em 1961. Para Maduro, o episódio foi uma vitória de relações públicas, reforçando sua narrativa de resistência contra supostas conspirações estrangeiras.
Recompensas milionárias e sanções ampliadas
Enquanto Goudreau enfrenta o julgamento, a administração dos EUA elevou para US$ 25 milhões a recompensa por informações que levem à captura de Maduro, acusado de narcoterrorismo desde 2020. Outras recompensas foram anunciadas para ministros do governo venezuelano, como Diosdado Cabello e Vladimir Padrino.
Sanções adicionais foram impostas por Reino Unido, Canadá e União Europeia (UE), atingindo juízes, oficiais militares e membros das forças de segurança da Venezuela. As medidas foram justificadas como resposta à violação de direitos humanos e ao desmantelamento do Estado de direito no país. Segundo o chanceler britânico David Lammy, o regime de Maduro é “fraudulento”.A cerimônia de posse de Maduro foi marcada por forte controle, com restrições a jornalistas estrangeiros e acesso limitado à mídia local. Apesar do apoio de aliados como Rússia, China, Irã, Cuba e Nicarágua, o governo venezuelano continua isolado internacionalmente.