Argentina reforça patrulha naval para proteger suas reservas de lulas da pesca ilegal chinesa

Presença de pesqueiros ligados à China na costa do país já gerou um episódio tenso, com um barco afundado pelos argentinos

A Argentina intensificou a vigilância de sua zona marítima, mobilizando aeronaves e embarcações para deter pesqueiros estrangeiros, sobretudo da China, que ameaçam a reserva de lulas, valorizada em mais de US$ 2 bilhões anuais. O aumento das patrulhas foi anunciado pelo Ministério da Defesa argentino em um comunicado divulgado no último sábado. As informações são da revista Newsweek.

Com o início da temporada de pesca de lulas, que atrai centenas de barcos principalmente chineses, o governo argentino lançou uma “operação de vigilância e controle” para fortalecer sua presença na zona econômica exclusiva (ZEE) do país, que se estende por 200 milhas náuticas a partir da costa. O ministro da Defesa, Luis Alfonso Petri, e altos oficiais militares sobrevoaram a área, identificando uma “concentração” de navios pesqueiros perto da área limítrofe.

Navios pesqueiros da China no porto de Hong Kong, novembro de 2014 (Foto: Divulgação/Bernard Spragg)

Apesar da lei marítima permitir a operação de navios estrangeiros fora desta zona, centenas de embarcações retornam anualmente para rondar a borda, desligando seus transponders de sistema de identificação automática para cruzar a linha e pescar sem serem detectadas. Durante a operação conjunta de vigilância, foram observados 380 barcos pesqueiros ao longo de um trecho de aproximadamente cem milhas náuticas além da ZEE.

Nos últimos anos, a China tem buscado meios legais de acessar essas águas, frequentemente alugando navios de pescadores locais ou fazendo parcerias com proprietários para contornar regulamentações que visam manter os lucros dentro do país. Um relatório do Círculo de Política Ambiental argentino identificou dez embarcações chinesas operando sob “bandeiras de conveniência” não registradas de países terceiros, como Camarões e a nação insular do Pacífico de Vanuatu, para ocultar sua identidade chinesa.

Essa situação tem gerado tensões, como em 2016, quando um arrastão chinês pescando ilegalmente dentro da ZEE da Argentina levou a Guarda Costeira a uma perseguição, durante a qual o navio chinês tentou forçar uma colisão. Em resposta, o navio argentino abriu fogo, causando o afundamento do arrastão.

O Ministério da Defesa da Argentina reafirmou seu compromisso em uma declaração no Facebook: “Neste governo, defendemos o mar argentino com todos os recursos à nossa disposição. A partir da milha náutica 200, a Marinha Argentina, sob a coordenação do Comando Marítimo Conjunto, permanece firme, patrulhando e vigiando e garantindo que nenhum navio estrangeiro cruze nossa zona econômica exclusiva para saquear o que pertence aos argentinos. Soberania é ação e estamos prontos para agir e defendê-la.”

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