Balão espião é parte de operação de vigilância militar chinesa mais ampla, diz inteligência dos EUA

Fontes ligadas ao Departamento de Estado disseram que o objeto derrubado fazia parte de uma frota que fez missões em cinco continentes

Oficiais de inteligência dos Estados Unidos acreditam que um suposto balão espião chinês que sobrevoou o país por oito dias antes de ser derrubado no sábado (4) por um caça F-22, na costa da Carolina do Sul, é parte de um plano de vigilância do exército chinês. O incidente gerou um mal-estar diplomático entre os dois países. As informações são da rede CNN.

De acordo com as fontes, o programa de espionagem possui vários balões semelhantes e teria realizado pelo menos 20 missões em 40 países de cinco continentes nos últimos anos. Washington não sabe qual o tamanho exato da frota.

Estima-se que seis desses voos ocorreram dentro do espaço aéreo dos EUA, embora não necessariamente sobre o território norte-americano, detalhou um funcionário familiarizado com a inteligência.

“Nem todos os balões avistados em todo o mundo são exatamente do mesmo modelo daquele abatido na costa da Carolina do Sul no sábado”, diz a inteligência.

Caças F-22 semelhantes ao que derrubou o suposto balão espião chinês (Foto: Robert Sullivan/Flickr)

Desde a derrubada do balão, os EUA estão conduzindo uma operação de resgate para analisar a embarcação e os esforços de vigilância coordenados pela nação asiática. Autoridades americanas disseram repetidamente que obtiveram informações valiosas rastreando a esfera branca enquanto ela permaneceu no ar.

Na quarta-feira (8), o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse na sede do Departamento de Estado que o programa de vigilância mais amplo da China “violou a soberania de países nos cinco continentes” e que Washington fará “descobertas relevantes” sobre o balão espião, com apoio do Congresso e “aliados e parceiros em todo o mundo”.

“Estamos fazendo isso porque os Estados Unidos não eram o único alvo desse programa”, disse Blinken ao aparecer ao lado do secretário-geral da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), Jens Stoltenberg.

As autoridades agora se debruçam nas análises do hardware do balão para buscar entender ao máximo suas capacidades técnicas do balão, com atenção especial para o tipo de coleta de dados ele pode realizar, bem como a quais satélites ele tinha conexão.

“Quando o balão estiver em nossas mãos, poderemos olhar para a tecnologia, reconstruir a cadeia de suprimentos, descobrir quem ajudou a construí-lo e quais componentes foram importantes para ele”, disse o deputado Jim Himes, do Estado de Connecticut.

O principal democrata da Comissão de Inteligência da Câmara ainda acrescentou que “há um valor de inteligência muito alto em tê-lo”.

Um alto funcionário do Departamento de Estado disse que as fotografias de alta resolução tiradas por aviões espiões U-2 “revelaram que o balão de alta altitude era capaz de conduzir operações de coleta de sinais de inteligência”.

“Tinha várias antenas para incluir uma matriz provavelmente capaz de coletar e geolocalizar comunicações”, acrescentou o funcionário.

O governo Biden também está analisando a lista negra de entidades chinesas ligadas ao Exército de Libertação Popular que apoiaram a travessia do balão para os EUA, bem como outras ações para combater o programa de vigilância de Beijing.

Senado critica demora de ação militar

Mas o chefe da Casa Branca também enfrenta críticas na condução do incidente, tanto da base quanto da oposição. Segundo o jornal Financial Times, tanto democratas quanto republicanos do Senado questionaram por que o Pentágono não derrubou o balão quando ele estava sobre as águas ao redor do Alasca, sugerindo que ação foi tardia e permitiu que a aeronave monitorasse instalações militares sensíveis, incluindo um local de míssil nuclear em Montana.

De acordo com autoridades dos EUA, o balão chinês era do tamanho de três ônibus do tipo escolar e entrou na zona de defesa aérea do país ao norte das Ilhas Aleutas, no Alasca, no dia 28 de janeiro. De lá, atravessou a península conhecida como a “fronteira final” do país e entrou no espaço aéreo canadense em 30 de janeiro, antes de cruzar de volta para território norte-americano pelo norte do Estado de Idaho no dia seguinte.

China repudia ato

Beijing condenou o ato e justificou que a esfera branca vista por lá, na verdade, se tratava de um balão de pesquisa meteorológica “rebelde”, ou seja, que desviou de forma “completamente acidental” para o espaço aéreo norte-americano. 

China condenou a medida como “uma óbvia reação exagerada e uma grave violação da prática internacional”, agravando as tensões políticas que fizeram o secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, adiar uma visita à nação asiática.

Tags: