Brasil condena ‘tom ofensivo’ da Venezuela em post com referências à bandeira nacional e a Lula

Itamaraty publica nota em resposta a publicação da Polícia Nacional Bolivariana que dizia: 'Quem se mete com a Venezuela se dá mal'

O Itamaraty publicou nesta sexta-feira (1º) uma nota de repúdio direcionada à Venezuela, que na quinta-feira (31) divulgou em um perfil estatal nas redes sociais uma mensagem ofensiva com referências ao Brasil e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O governo brasileiro constata com surpresa o tom ofensivo adotado por manifestações de autoridades venezuelanas em relação ao Brasil e aos seus símbolos nacionais”, diz o comunicado do Itamaraty. “A opção por ataques pessoais e escaladas retóricas, em substituição aos canais políticos e diplomáticos, não corresponde à forma respeitosa com que o governo brasileiro trata a Venezuela e o seu povo.”

O Brasil ainda reafirma seu respeito pela soberania das demais nações, “em especial de seus vizinhos”, e pelo “princípio da não-intervenção”. E conclui: “O governo brasileiro segue convicto de que parcerias devem ser baseadas no diálogo franco, no respeito às diferenças e no entendimento mútuo.”

A manifestação surge em resposta a uma publicação da Polícia Nacional Bolivariana nas redes sociais. A postagem mostra a bandeira brasileira ao fundo e uma imagem borrada que remete ao presidente Lula, com o texto: “Quem se mete com a Venezuela se dá mal”.

Postagem da Polícia Nacional Bolivariana com referência ao Brasil e a Lula (Foto: reprodução/redes sociais)

A crise entre Brasil e Venezuela se instalou após as eleições presidenciais que deram ao presidente Nicolás Maduro mais um mandato. O pleito, classificado como fraudulento por entidades internacionais e governos estrangeiros, não foi oficialmente reconhecido pelo governo brasileiro, sob o argumento de que seria necessária a apresentação detalhada da contagem de votos.

O comunicado desta sexta retoma o debate e atrela a posição brasileira aos Acordos de Barbados. O pacto, firmado em 2023, previa a realização do pleito venezuelano no segundo semestre de 2024 e a presença de missões de observação da União Europeia (UE), do Centro Carter e da ONU (Organização das Nações Unidas). Caracas, porém, não adotou essas determinações.

O distanciamento entre os dois vizinhos aumentou após o Brasil usar seu poder de veto para bloquear o pedido de adesão da Venezuela ao BRICS, na cúpula realizada em outubro na cidade de Kazan, na Rússia.

“O Itamaraty decidiu manter o veto que [o ex-presidente brasileiro] Jair Bolsonaro aplica contra a Venezuela há anos, reproduzindo o ódio, a exclusão e a intolerância promovidos pelos centros de poder do Ocidente”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores venezuelano à época, de acordo com a rede BBC. O texto ainda dizia que a população do país “sente indignação e vergonha por esta agressão inexplicável e imoral”.

Na ocasião, Caracas também direcionou suas críticas ao principal assessor de política externa de Lula, Celso Amorim.

Conforme relatou a rede Al Jazeera, a diplomacia venezuelana afirmou que, ao justificar o veto, ele “agiu mais como um mensageiro do imperialismo norte-americano” e “dedicou-se impertinentemente a emitir julgamentos de valor sobre processos que correspondem apenas aos venezuelanos e suas instituições democráticas”.

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