A Colômbia enfrenta uma nova onda de violência que já deixou mais de 100 mortos em diferentes regiões do país, levando o governo do presidente Gustavo Petro a declarar uma postura mais dura contra grupos guerrilheiros. A crise, que também resultou no deslocamento de 11 mil pessoas, está ameaçando o frágil processo de paz em andamento desde o acordo com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016. As informações são do Guardian.
Em um discurso contundente na segunda-feira (20), Petro prometeu uma resposta militar às ações do Exército de Libertação Nacional (ELN), grupo acusado de liderar ataques violentos contra facções rivais em regiões de fronteira. “O ELN escolheu o caminho da guerra, e eles terão guerra”, declarou o presidente.

Escalada de conflitos
A crise se intensificou em três departamentos colombianos, abrangendo desde a selva amazônica até a fronteira com a Venezuela. Relatos indicam que combatentes do ELN estariam realizando execuções sistemáticas de pessoas suspeitas de colaboração com dissidentes das Farc, ampliando o número de mortos e forçando milhares a deixarem suas casas.
A cidade de Tibú, localizada na região de fronteira, tornou-se um dos principais destinos para os deslocados, onde abrigos temporários foram montados. Muitos também cruzaram para o território venezuelano, apesar da crise política e econômica no país vizinho. “Como colombiano, é doloroso deixar meu país”, lamentou Geovanny Valero, um agricultor que fugiu com sua família.
Diante da escalada de tensões, o governo mobilizou cerca de 5 mil soldados para a região de fronteira. No entanto, confrontos entre grupos rivais continuam a ser registrados, como na Amazônia, onde 20 pessoas foram mortas em disputas entre facções das Farc. A situação destaca os desafios do governo Petro em consolidar sua política de “paz total”.
Processo de paz
Petro, que foi eleito em 2022 com uma proposta de engajamento e negociações com grupos armados, enfrenta críticas de que sua abordagem estaria fortalecendo facções financiadas pelo narcotráfico. Embora o acordo de paz com as Farc tenha sido considerado um marco, dissidências do grupo continuam a controlar partes significativas do território colombiano, mantendo o país como o maior produtor mundial de cocaína.
Especialistas apontam que o crescimento da violência está ligado à competição pelo lucrativo mercado de drogas e ao enfraquecimento da presença estatal em áreas remotas. “Sem uma solução estrutural, o ciclo de violência irá persistir”, afirmou um analista político.