Economista cita indicador infalível e prevê recessão econômica nos EUA

Steve Hanke projeta crise para o início de 2025, com base em um raro sinal identificado apenas quatro vezes nas últimas duas décadas

A economia dos EUA está prestes a entrar em recessão. O alerta foi feito pelo renomado economista Steve Hanke, que aponta para um raro indicador econômico com um histórico infalível de prever crises. As informações são do Business Insider.

Em entrevista ao canal de YouTube Wealthion, Hanke, professor da universidade Johns Hopkins, expressou uma visão negativa sobre a economia americana. Ele explicou que essa previsão pessimista se deve, em grande parte, à redução da oferta de dinheiro em circulação, o que pode desencadear problemas econômicos mais amplos no país.

O indicador M2, que mede a quantidade de dinheiro disponível na economia, aumentou durante a pandemia de Covid-19 devido a políticas monetárias mais flexíveis, mas tem diminuído nos últimos anos. Em junho, o total de M2 estava em aproximadamente US$ 21 trilhões, uma queda de 3% em relação ao seu pico em 2022, quando o suprimento de dinheiro era de cerca de US$ 21,7 trilhões, segundo dados do Federal Reserve.

Steve Hanke: rescessão a caminho nos EUA? (Foto: WikiCommons)

Uma redução completa na oferta de dinheiro, que serve como o “combustível” da economia, é algo raro, observou Hanke. Desde 1913, isso ocorreu apenas quatro vezes, e em todas essas ocasiões foi seguida por uma recessão ou depressão econômica.

O suprimento de moeda M2 começou a crescer novamente em junho deste ano, mas as alterações na oferta monetária demoram de um a dois anos para impactar a economia, explicou. Hanke previu que os Estados Unidos entrarão em recessão no final deste ano ou no início do próximo, e, por isso, acredita que os índices de inflação continuarão a diminuir.

Hanke afirmou que a expectativa de desaceleração é corroborada por indicadores menores e de nível micro na economia. O mercado de trabalho, por exemplo, tem mostrado sinais de enfraquecimento contínuo, com o aumento das preocupações sobre uma recessão após a taxa de desemprego ter chegado a 4,3% em julho, o nível mais alto desde o início da pandemia.

Os consumidores estão reduzindo os gastos devido à inflação, e as vendas no varejo desaceleraram em comparação com o ritmo rápido dos últimos anos, quando o aumento das compras em casa impulsionou um boom de gastos nos EUA.

Algumas áreas da economia já mostram sinais de desaceleração, conforme observam alguns analistas. A atividade no setor imobiliário tem diminuído nos últimos anos devido às altas taxas de hipoteca que afetam a demanda por imóveis. Da mesma forma, a atividade manufatureira continuou a cair em julho, com o setor encolhendo em 20 dos últimos 21 meses, segundo o Institute for Supply Management.

Hanke comentou que os microdados, quando analisados, refletem esse panorama macroeconômico de desaceleração e possível recessão, com a inflação continuando a diminuir. Ele observou que, ao analisar setores e empresas individuais, é evidente que a desaceleração está se configurando.

Os mercados estão altamente atentos a possíveis sinais de desaceleração. Os investidores estimam uma probabilidade de 62% de que o Fed (banco central dos Estados Unidos) reduza as taxas em 100 pontos-base ou mais até o final do ano, conforme indicado pela ferramenta CME FedWatch. Isso sugere que os traders esperam que o Fed adote rapidamente uma política monetária mais frouxa para prevenir uma recessão.

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