EUA sancionam corretora de criptomoedas russa por lavar dinheiro de ciberataque

Tesouro americano aponta que 40% do histórico de transações conhecido da empresa Suex está associado a transações ilícitas

O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou sanções contra uma corretora de criptomoedas da Rússia nesta terça-feira (21), informou o órgão governamental. A Suex é investigada por seu suposto papel como facilitadora de pagamentos ilegais referentes a ciberataques cometidos contra empresas norte-americanas, casando prejuízo milionário.

De acordo com as autoridades, é a primeira vez na história que medidas do gênero são impostas a uma exchange dessa natureza, que seria responsável por lavar dinheiro para criminosos da internet. As sanções têm como efeito o bloqueio do acesso da Suex a todas as propriedades que eventualmente tenha nos EUA, ao mesmo tempo em que proíbem que cidadãos norte-americanos negociem com a firma.

Segundo a Radio Free Europe, a Suex é registrada na República Tcheca, mas não tem presença física no país e opera na Rússia. Autoridades dos EUA apontam que 40% do histórico de transações conhecido da corretora está associado a transações ilícitas.

Exemplo de ransomware entregue por e-mail que, após a infecção, criptografa todos os arquivos que correspondem a determinadas extensões (Foto: Christiaan Colen/Wikimedia Commons)

A empresa de rastreamento de criptomoedas Chainalysis revelou que a Suex está entre os mais ativos de um pequeno grupo de serviços ilícitos responsáveis pela maior parte da lavagem de dinheiro para criminosos cibernéticos.

“Somente no bitcoin, os endereços de depósito da Suex hospedados em grandes bolsas receberam mais de US$ 160 milhões de agentes de ransomware, golpistas e operadores de mercado darknet”, disse um relatório da Chainalysis.

Em 2021, os ataques de ransomware (sequestro cibernético de dados) têm sido habitualmente direcionados a empresas, como um grande oleoduto dos EUA e uma grande firma de tecnologia, a Kaseya, que impactou aproximadamente 1,5 mil empresas usuárias do software de gestão de TI.

Ransomware e ataques cibernéticos estão vitimando empresas grandes e pequenas em toda a América e são uma ameaça direta à nossa economia. Continuaremos a reprimir os atores maliciosos”, disse a secretária do Tesouro, Janet L. Yellen.

Dados do Tesouro dão conta de que, em 2020, os pagamentos de ransomware atingiram mais de US$ 400 milhões, o que representa mais de quatro vezes a marca atingida em 2019. O governo dos EUA estima que esses pagamentos são apenas uma fração dos danos econômicos causados ​​por ciberataques, que usam a tecnologia como arma para impactar “na economia e prejudicar empresas, famílias e indivíduos que dependem dela para seu sustento, poupança e futuro”.

Um ataque de ransomware se caracteriza quando hackers assumem o controle dos sistemas e dados de computador de uma empresa ou organização. O desbloqueio ocorre somente após o recebimento dos pagamentos, normalmente efetuado em criptomoedas.

Apesar das acusações das autoridades americanas recaírem sobre os russos, não está claro se houve envolvimento direto do Estado. A Rússia nega qualquer responsabilidade.

Por que isso importa?

Os EUA têm aumentado a pressão sobre a Rússia em meio aos seguidos ataques cibernéticos cometidos por grupos de hackers contra empresas e governos ocidentais, que parecem não ter desacelerado desde que o assunto foi pautado na cordial cúpula entre os presidentes dos dois países, ocorrida em junho.

Na ocasião, o presidente dos EUA, Joe Biden, advertiu o presidente russo Vladimir Putin sobre os contínuos ciberataques envolvendo pedidos milionários de resgate, incluindo uma ação do grupo REvil, que exigiu US$ 70 milhões em bitcoin pela devolução dos dados. 

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