A administração do presidente dos EUA, Donald Trump firmou acordos com diversos países da América Latina para receber migrantes expulsos do território norte-americano. Entre os destinos estão México, Guatemala, Honduras, El Salvador, Costa Rica e Panamá, que passaram a atuar como pontos de transferência ou destino final de deportados. As informações são da agência Associated Press (AP).
O governo também coordenou operações com a Venezuela para devolver migrantes diretamente de bases como Texas, Guantánamo e Honduras. No entanto, os detalhes desses acordos não foram divulgados publicamente, levantando preocupações sobre possíveis violações de direitos internacionais de refugiados e solicitantes de asilo.
Adam Isacson, pesquisador da organização de direitos humanos WOLA, acredita que muitas dessas negociações foram feitas de maneira informal. “Eles estão sendo muito mais ambiciosos agora. A ideia de enviar pessoas para serem armazenadas como mercadorias, deportá-las para países terceiros, não era uma questão no primeiro mandato de Trump”, afirmou.

As imagens de deportados algemados desembarcando em diferentes países têm chamado atenção. No México, mais de 3,3 mil migrantes de pelo menos sete nacionalidades já foram recebidos apenas no primeiro mês do novo governo Trump. Em um hotel na Cidade do Panamá, quase 300 deportados de dez países asiáticos foram mantidos sob custódia. Alguns colocaram cartazes nas janelas com pedidos de ajuda.
A nova política também levou muitos migrantes a desistirem de tentar atravessar a fronteira dos EUA. Em Gardi Sugdub, no Panamá, venezuelanos embarcaram em barcos rumo à Colômbia após perderem as esperanças de chegar aos EUA.
O presidente do Panamá, José Raúl Mulino, reconheceu a mudança no fluxo migratório. “Com o antigo fluxo (de sul para norte), a situação estava sob controle. Agora, o problema vem na direção contrária, e esperamos que possa ser gerenciado de forma ordenada”, declarou.
A falta de transparência nas deportações gera preocupações adicionais, principalmente para migrantes vindos de países como Irã e Afeganistão, onde podem enfrentar graves riscos ao retornar.
Há relatos de que desertores das Forças Armadas venezuelanas foram enviados de volta e agora estão sob custódia militar. Sem informações públicas sobre os acordos firmados, os governos da região se submetem a eventuais questionamentos internacionais sobre sua colaboração nas medidas de deportação dos EUA.