O movimento Nova Resistência, estabelecido no Brasil e suspeito de ligação com o governo da Rússia, expressa “abertamente o seu apoio à organização terrorista Hezbollah” e mantém uma relação, mesmo que indireta, com o Irã. Tais alegações constam de um relatório divulgado no final da semana passada pelo Departamento de Estado norte-americano, que classificou a entidade brasileira como “neofascista” e “quase paramilitar”.
Washington alega que o movimento serve aos interesses do Kremlin para “manipular informação e disseminar ideologias antidemocráticas e autoritárias ao redor do mundo.” Daí sua ligação com regimes autocráticos e sua simpatia pelo Hezbollah.
Nesse sentido, o documento afirma que membros da Nova Resistência se reuniram “repetidamente com representantes de Belarus, Coreia do Norte, Síria e Venezuela e expressaram abertamente o seu apoio à organização terrorista Hezbollah, apoiada pelo Irã.”
No site do movimento há, de fato, manifestações de simpatia pelo grupo terrorista. “O Hezbollah é demonizado pelo Ocidente por sua firme posição contra o imperialismo”, diz um texto de março de 2018, associando ao grupo libanês a mesma palavra, “imperialismo”, adotada pela Nova Resistência para descrever uma de suas lutas.

O relatório do governo dos EUA também destaca a ligação entre um membro da Nova Resistência e o site American Herald Tribune, supostamente um veículo de desinformação a serviço do governo iraniano, que por sua vez é o principal financiador do Hezbollah.
Em janeiro de 2020, a rede CNN reportou que o site em questão, embora alegue ser um “meio de comunicação online genuinamente independente”, é na verdade uma ferramenta de Teerã. Inclusive, cidadãos norte-americanos que desconheciam a relação teriam sido pagos para produzirem conteúdo a fim de conceder legitimidade ao veículo.
A resposta do movimento
Após a divulgação do relatório do Departamento de Estado, a Nova Resistência publicou uma nota oficial na qual nega ser patrocinada por Moscou. “Não recebemos financiamento de nenhuma espécie de qualquer governo estrangeiro”, diz o texto.
No mesmo comunicado, o movimento diz que apoia, “no exercício Constitucional e Democrático da Livre Opinião e Expressão, Rússia, Palestina, Irã, Síria e outras nações em suas lutas contra o imperialismo.” E acrescenta que assume “uma posição nacionalista”, embora rejeite “categoricamente o neonazismo e o neofascismo.”
Entenda o que é o Hezbollah
De orientação xiita, o Hezbollah é um misto de partido político, organização terrorista e paraestado no Líbano, inclusive com membros da facção ocupando cadeiras no parlamento e gabinetes ministeriais no país árabe. O Irã é tido como maior financiador da entidade.
Trata-se de uma organização global multifacetada, envolvida numa ampla gama de empreendimentos, incluindo atividades sociais e políticas abertas, bem como atividades militares que se estendem para a Síria e outras regiões do Oriente Médio, além de ações criminosas e terroristas.
Em carta aberta divulgada em fevereiro de 1985, através do qual estipula seus objetivos e princípios, o grupo diz que “ninguém pode imaginar as dimensões” de seu poder militar. E acrescenta: “Cada um de nós é um soldado combatente quando o chamado da jihad assim o exige.”
A ligação com Teerã vem desde a origem da organização, que sustenta que a Revolução Islâmica, como a ocorrida no Irã em 1979, “deve ser um fenômeno mundial e não pode ser confinada às fronteiras de um único país.”
Atualmente, o Hezbollah ganhou ainda mais relevância geopolítica devido ao envolvimento na guerra entre o Hamas e Israel, desencadeada pelo ataque do grupo terrorista palestino ao território israelense em 7 de outubro.
Desde então, têm se acumulado os relatos de confrontos entre a facção libanesa e as forças de Israel, com o Hezbollah alegando que 17 de seus combatentes morreram em virtude das hostilidades. Os israelenses, por sua vez, relatam sete de seus militares mortos.