Mais de 180 pessoas foram mortas em um massacre na capital do Haiti durante o último fim de semana. As vítimas, muitas delas idosas praticantes do vodu, foram atacadas com facões por ordens de Monel Felix, líder de uma gangue local. as informações são da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos (RNDDH) e fora reproduzidas pelo jornal The New York Times.
O ataque no bairro de Cité Soleil, em Porto Príncipe, teria sido motivado por uma crença de Felix de que a prática do vodu seria responsável pela doença de seu filho, que faleceu no sábado (7). Pierre Espérance, diretor-executivo da RNDDH, afirmou que testemunhas do episódio apontam que “o número real de mortos é muito maior, com corpos mutilados queimados nas ruas”.

Os ataques começaram na sexta-feira (6) e se estenderam por todo o fim de semana, atingindo até cinco ou seis pessoas em algumas casas, relatou um cidadão que pediu anonimato por medo de represálias. A Comissão para Paz e Desenvolvimento, outra organização civil haitiana, confirmou que, além dos idosos, jovens motociclistas foram mortos ao tentarem resgatar vítimas.
A violência no Haiti tem crescido vertiginosamente nos últimos anos, com mais de cinco mil mortos e 700 mil deslocados em 2024, segundo dados da ONU (Organização das Nações Unidas). O massacre expõe a incapacidade da polícia local de atuar em regiões dominadas por gangues, como o bairro onde o massacre ocorreu.
Apesar da presença de uma força policial internacional apoiada pela ONU, composta majoritariamente por agentes do Quênia, os esforços para conter a violência têm se mostrado insuficientes. “Chamamos os líderes de gangues a deporem suas armas e se renderem, pois o tempo deles está se esgotando”, declarou a Missão de Apoio Multinacional à Segurança, em comunicado recente.
O vodu, uma das religiões oficiais do Haiti, frequentemente alvo de preconceito, foi trazido ao país por escravizados da África Ocidental e coexiste com o cristianismo no país. Especialistas apontam que a prática é amplamente incompreendida e frequentemente usada como justificativa para violência.
A ONU e o governo dos Estados Unidos buscam transformar a missão de segurança no Haiti em uma operação oficial de paz, garantindo financiamento contínuo e maior mobilização de recursos. No entanto, a proposta enfrenta resistência de Rússia e China no Conselho de Segurança.