Crime, tráfico ilícito e desvio de armamento agravam medo e instabilidade no Haiti

Violência de gangues matou e feriu 238 menores de idade neste ano, com 365 mil deles forçados a se deslocar

Conteúdo adaptado de material publicado originalmente pela ONU News

O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (Ecosoc) realizou na segunda-feira (2) a reunião “Crianças do Haiti não podem esperar: apoiando a estabilidade, a resiliência e a prosperidade.”

Para o presidente da Assembleia Geral, Philémon Yang, a escalada de violência desde fevereiro é profundamente preocupante com gangues armadas cometendo assassinatos, sequestros, violência sexual e abusos de direitos humanos.

Munições para gangues no Haiti

A piora de ações criminosas acontece em meio ao tráfico ilícito e ao desvio de armas e munições que espalham medo e instabilidade. Yang citou casos de crianças e jovens em risco por violência, fome, desnutrição e pobreza.

Estima-se que 365 mil menores haitianos tiveram que deixar suas casas por causa da violência. Quase 400 mil não têm direito à educação na sequência do fechamento de mil escolas devido à insegurança.

Muitos centros de ensino foram transformados em abrigos para deslocados expondo esses ambientes ao recrutamento por grupos armados e à violência sexual.

Para a representante especial do secretário-geral para o Haiti, nenhum progresso pode ser feito sem abordar a insegurança causada por gangues.

Marcas da violência durante a crise no Haiti (Foto: Unicef/UNI516132)

Para María Isabel Salvador, essa é uma pré-condição para realizar eleições inclusivas, confiáveis ​​e participativas com vista a uma governança eficaz e recuperação econômica.

Se isso não for resolvido, o Haiti arriscar perpetuar o ciclo de violência e de instabilidade afetando crianças e a sociedade.

Insegurança generalizada

Com a violência de gangues cerca de 238 menores haitianos foram mortos ou feridos. Outras 38 crianças foram sequestradas. Muitas foram traficadas, recrutadas à força ou acusadas de afiliação a gangues. 

Alertando sobre uma geração em “risco de ser perdida completamente”, a enviada da ONU disse que a nomeação do primeiro-ministro Didier Fils-Aimé, em 11 de novembro, sinaliza um momento de potencial coesão.

A diretora-executiva do Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) revelou que neste ano houve um aumento de 1000% em incidentes de violência sexual contra crianças.

Cozinheiras e escravas sexuais

Catherine Russell revelou que 30% e 54% de menores integram grupos armados e o recrutamento aumentou em 70% no ano passado. Elas são usadas como informantes, cozinheiras e escravas sexuais e forçadas a cometer atos de violência.

Mais de 5,5 milhões de haitianos, incluindo três milhões de crianças, precisam de ajuda humanitária. A maioria enfrenta grave insegurança alimentar. Mais de 700 mil são deslocadas e vivem em acampamentos ou abrigos superlotados.

O colapso de serviços básicos como água, saneamento e assistência médica coloca crianças e suas famílias em maior risco de contrair doenças incluindo a cólera.

Na capital haitiana, Porto Príncipe, vários hospitais e unidades de saúde foram forçados a fechar devido a preocupações com a segurança. A situação limita a capacidade de alcançar de forma consiste aos haitianos necessitados.

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