ONU exige responsabilização de Israel por possíveis ‘crimes de guerra’ em Gaza

Conselho de Direitos Humanos apoia suspensão da venda de armas ao país e cita preocupação com 'genocídio' no enclave

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas aprovou uma resolução instando Israel a ser responsabilizado por possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade na Faixa de Gaza. Além disso, a determinação exige a suspensão de todas as vendas de armas para o país. As informações são da agência Reuters.

Esta é a primeira vez que o principal órgão de direitos humanos da ONU (Organização das Nações Unidas) se manifesta sobre o conflito de quase seis meses, que já causou mais de 33 mil mortes e gerou alertas de “genocídio”.

A resolução recebeu 28 votos a favor dos 47 Estados-membros do conselho. Estados Unidos e Alemanha estavam entre os seis países que se opuseram, enquanto França, Albânia e outros 11 países se abstiveram.

O conselho enfatizou que a votação era crucial para evitar futuras violações do direito humanitário internacional e abusos dos direitos humanos. Destacou a decisão da Corte Internacional de Justiça (CIJ) em janeiro, que apontou um risco plausível de genocídio em Gaza, expressando preocupação com relatos de graves violações dos direitos humanos, incluindo possíveis crimes de guerra e crimes contra a humanidade no enclave.

Soldados das Forças de Defesa de israel avançam sobre os escombros de uma Gaza devastada pela guerra (Foto: WikiCommons)

Em março, o CIJ ordenou por unanimidade que Israel tomasse todas as medidas necessárias e eficazes para garantir a entrega imediata de suprimentos básicos de alimentos ao território, alertando para as crescentes condições adversas enfrentadas pelos palestinos e o avanço da fome e da inanição.

À agência Al Jazerra, Marc Owen Jones, professor associado de estudos do Oriente Médio na Universidade Hamad Bin Khalifa, no Qatar, descreveu a manifestação do principal órgão de direitos humanos sobre o conflito como um marco simbólico e sem precedentes, refletindo a gravidade da situação.

Biden condiciona apoio dos EUA a Israel à proteção de civis

Na quinta-feira (4), o presidente dos EUA, Joe Biden, enviou uma mensagem forte ao seu homônimo israelense, Benjamin Netanyahu, dizendo que o futuro apoio da Casa Branca à guerra em Gaza está condicionado a medidas imediatas para proteger civis e trabalhadores humanitários, repercutiu a agência Associated Press.

A conversa telefônica entre os líderes ocorreu após ataques israelenses que mataram sete trabalhadores humanitários em Gaza, complicando ainda mais o relacionamento entre os aliados. A ameaça de Biden representa uma mudança significativa no apoio de Washington ao Estado judeu, sugerindo a possibilidade de mudanças na política, como restrições nas vendas de armas e no apoio diplomático.

O gabinete de Netanyahu anunciou nesta sexta-feira (5) que seu grupo de segurança aprovou algumas ações urgentes para aumentar a ajuda humanitária para Gaza. Isso inclui a reabertura de uma passagem importante que foi danificada durante um ataque do grupo terrorista Hamas em outubro do ano passado. Antes desse anúncio ser feito, o governo dos EUA estava revisando se as medidas propostas por Israel seriam o bastante.

Após a conversa entre Biden e Netanyahu, a Casa Branca afirmou que o líder dos EUA enfatizou a necessidade de Israel tomar medidas específicas para proteger os civis e os trabalhadores humanitários em Gaza. O comunicado do governo norte-americano deixou claro que a política em relação a Gaza dependerá das ações imediatas do Estado judeu nesse sentido.

Além disso, o documento diz que Biden pediu a Netanyahu um “cessar-fogo imediato” para garantir a libertação dos reféns em Gaza, descrevendo a conversa como “direta e honesta”.

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