O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, declarou que Moscou está disposta a dialogar com o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua equipe para explorar soluções para o conflito na Ucrânia. Lavrov afirmou que o novo governo americano começou a “reconhecer as realidades no terreno”, indicando uma mudança de postura em relação à administração anterior da Casa Branca. As informações são da Radio Free Europe.
Essas declarações foram feitas durante a coletiva de imprensa anual do chanceler russo, realizada nesta terça-feira (14). O conflito na Ucrânia, que completa três anos no mês que vem, já causou mais de 1 milhão de baixas entre soldados dos dois lados.

Trump, que será empossado no dia 20 de janeiro, já manifestou interesse em se reunir diretamente com o presidente russo, Vladimir Putin, para buscar uma solução para a guerra. Em entrevista à Newsmax na segunda (13), Trump afirmou: “Eu sei que ele quer se encontrar e vou encontrá-lo muito rapidamente”. No entanto, ressaltou que certos passos exigem que ele esteja oficialmente no cargo.
Putin, por sua vez, indicou disposição para um encontro. “Estaremos esperando por iniciativas específicas. O presidente Putin disse em várias ocasiões que está pronto para se reunir, mas nenhuma proposta foi feita ainda”, disse Lavrov durante a coletiva de três horas.
Enquanto isso, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que não há detalhes concretos sobre um possível encontro entre os dois líderes.
A Rússia, que atualmente ocupa cerca de 20% do território ucraniano, justifica sua invasão à Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, como uma medida para evitar a adesão do país à Otan. A administração Trump sinaliza um entendimento diferente da situação. Mike Waltz, novo conselheiro de segurança nacional de Trump, afirmou em entrevista à ABC News que é pouco realista esperar que a Rússia abandone completamente territórios ocupados, incluindo a Crimeia. “Eu simplesmente não acho realista dizer que vamos expulsar todos os russos de cada centímetro do solo ucraniano”, afirmou.
Em Kiev, autoridades ucranianas também demonstraram interesse em ouvir propostas de paz vindas do novo governo norte-americano.
Nos últimos dias de sua administração, o presidente Joe Biden intensificou os envios de armamento e equipamentos para a Ucrânia, com o objetivo de fortalecer as defesas do país antes que o governo Trump tome posse. Essa estratégia reflete a preocupação de que o novo presidente possa reduzir os embarques de armas ou adotar uma postura mais conciliadora em relação à Rússia.