Autoridades de inteligência da Europa e dos Estados Unidos suspeitam que a Rússia esteja por trás de um esquema para enviar dispositivos incendiários em aviões com destino à América do Norte através de remessas de carga aérea.
Explosões em dois centros de logística na Alemanha e no Reino Unido em julho deste ano fariam parte de uma operação secreta da Rússia, que visava iniciar incêndios em voos de carga e passageiros com destino aos EUA e ao Canadá, segundo informações do Wall Street Journal (WSJ) divulgadas na segunda-feira (4), citando autoridades de segurança ocidentais.
Dois dispositivos teriam sido enviados pela DHL – uma empresa global de logística e transporte, parte do grupo Deutsche Post DHL, sediada na Alemanha – como parte de uma campanha de sabotagem. Ambos foram ativados em julho, com um incidente registrado em Leipzig, na Alemanha, e outro em Birmingham, na Inglaterra. Segundo o jornal, os produtos que chegaram ao Reino Unido teriam sido enviados da Lituânia.
Os investigadores informaram à reportagem que os dispositivos eram “massageadores elétricos contendo uma substância inflamável à base de magnésio”. Esses dispositivos teriam sido enviados como parte de um “teste” para verificar maneiras de embarcá-los em aviões com destino aos EUA e quase chegaram a ser colocados em aeronaves da DHL.
De acordo com um investigador alemão, um incêndio causado por esses dispositivos seria difícil de apagar com os equipamentos de combate a incêndio normalmente disponíveis a bordo da maioria dos aviões. Se um avião fosse incendiado dessa forma enquanto sobrevoasse o oceano, estaria em sério risco de queda.
A Polônia é um dos países colaborando com a investigação e já prendeu quatro suspeitos de envolvimento nas explosões, conforme reportado por diversos veículos, incluindo a CBC News, do Canadá.
“O objetivo do grupo também era testar o canal de envio dessas encomendas, que tinham como destino os EUA e o Canadá”, declarou o gabinete do procurador-geral da Polônia em comunicado à imprensa.
A Procuradoria polonesa não forneceu mais detalhes sobre os incidentes, mas o chefe da agência de inteligência, Pawel Szota, sugeriu que eles são atribuídos a espiões russos, alertando sobre as consequências de uma possível explosão de pacotes. Em resposta, o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou acusações formais e caracterizou as alegações como insinuações infundadas da mídia.
Em outubro, a Alemanha já havia anunciado que estava investigando os incêndios. Naquela ocasião, o chefe da agência de inteligência alemã, Thomas Haldenwang, informou a um comitê parlamentar que Berlim quase evitou um acidente aéreo após um pacote de carga pegar fogo.
Agências de inteligência em toda a Europa alertaram que a Rússia está planejando atos violentos de sabotagem em todo o continente em resposta ao apoio dos países à Ucrânia.