Rússia e Panamá reagem às ameaças de Donald Trump sobre o Canal do Panamá

Moscou alertou Trump a não interferir no controle do Canal do Panamá, reafirmando a soberania panamenha e a neutralidade da hidrovia

Nesta terça-feira (21), Moscou enviou um aviso direto ao novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo que ele não insista em tomar o controle do Canal do Panamá. A declaração foi feita após o chefe da Casa Branca sugerir repetidamente, durante sua campanha e após assumir o cargo, que poderia tentar retomar a propriedade da importante rota comercial marítima. As informações são do Politico.

Trump classificou o canal como “vital” para os interesses americanos e indicou que não descartaria o uso de força militar para atingir esse objetivo. No discurso de posse, ele criticou o atual estado de gestão do canal, alegando que “navios americanos estão sendo severamente sobrecarregados” e mencionando o fato de que Beijing opera parte das instalações do canal.

“Nós o demos ao Panamá, não à China, e o estamos tomando de volta”, afirmou Trump.

Canal do Panamá (Foto: WikiCommons)

Diante dessas declarações, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia criticou qualquer tentativa dos EUA de retomar o controle do Canal do Panamá, destacando que ele pertence legalmente ao Panamá desde 1977. “Esperamos que, nas discussões futuras entre o presidente Trump e as lideranças panamenhas, seja respeitado o regime jurídico internacional que rege essa hidrovia estratégica”, declarou Alexander Shchetinin, diretor do departamento latino-americano do ministério russo.

Shchetinin também reafirmou o compromisso da Rússia em manter a neutralidade permanente do canal, assegurando sua segurança e acessibilidade como uma hidrovia internacional. Ele ainda alertou que os Estados Unidos não têm o direito de interferir nos assuntos internos do Panamá.

Contexto histórico

O Canal do Panamá, que conecta os oceanos Atlântico e Pacífico, é uma das rotas comerciais mais importantes do mundo. Desde que foi devolvido ao Panamá, em 1977, após quase um século de controle americano, tornou-se um símbolo de soberania para o país centro-americano. Hoje, cerca de 40% dos navios porta-contêineres que atendem os Estados Unidos passam pela hidrovia.

As ameaças recentes de Trump geraram uma resposta imediata do presidente panamenho, José Raúl Mulino, que classificou o controle do canal como “inegociável”. “Quero deixar claro que cada metro quadrado do Canal do Panamá e suas áreas adjacentes pertencem ao Panamá e assim permanecerão”, declarou Mulino.

A polêmica também levantou preocupações na comunidade internacional. Especialistas apontam que qualquer tentativa de interferência americana poderia gerar tensões diplomáticas significativas, além de impactar o comércio global. Apesar das declarações inflamadas de Trump, analistas sugerem que a retomada do canal seria improvável devido às repercussões legais e políticas que uma ação dessa magnitude acarretaria.

Enquanto isso, o governo panamenho segue reforçando sua soberania sobre o canal, enfatizando que ele é um recurso essencial para o desenvolvimento econômico do país e para o comércio internacional.

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