Donald Trump retornará à presidência dos Estados Unidos em um momento de crise e incerteza sem precedentes no Oriente Médio. Com uma guerra brutal em Gaza em curso e a pressão crescente de Israel contra o grupo militante libanês Hezbollah, o ex-presidente promete resolver as questões regionais e trazer a paz, um desafio complexo diante das tensões que continuam a escalar. As informações são da Associated Press.
Trump, conhecido por seu forte apoio a Israel, tem defendido a ideia de que a guerra em Gaza deveria ser encerrada rapidamente. Sua postura durante a campanha presidencial também incluiu a insistência de que as negociações para um cessar-fogo fossem prioritárias. No entanto, sua abordagem isolacionista e a tendência à imprevisibilidade levantam dúvidas sobre como sua administração lidará com os conflitos no Oriente Médio, especialmente considerando sua relação próxima com Israel e as divisões dentro do Partido Republicano.
Ao assumir a presidência, Trump encontrará uma região ainda marcada por conflitos intensos. Embora haja a possibilidade de um cessar-fogo temporário antes de sua posse, a guerra em Gaza segue sem resolução, e Israel mantém sua ofensiva contra o Hezbollah no Líbano. Além disso, a ameaça de um conflito entre Irã e Israel permanece iminente, com o programa nuclear iraniano sendo uma das maiores preocupações para Tel Aviv. Os conflitos envolvendo representantes iranianos no Iraque e no Iémen também não dão sinais de diminuição.
Paz como, presidente?
Durante sua campanha, Donald Trump declarou que seu principal objetivo seria restaurar a paz no Oriente Médio, uma promessa que gerou expectativa, mas deixou em aberto como ele pretende atingir essa meta em meio ao atual caos na região.
Em uma entrevista ao apresentador de rádio conservador Hugh Hewitt, Trump afirmou: “Acabem com isso e vamos voltar à paz e parar de matar pessoas”, referindo-se ao conflito em Gaza. No entanto, a falta de detalhes sobre as medidas específicas para alcançar a paz levanta dúvidas sobre como ele resolveria um dos conflitos mais prolongados e complexos do mundo.
O conflito entre Israel e o Hamas eclodiu em 7 de outubro de 2023, quando ataques do grupo militante palestino resultaram na morte de 1,2 mil israelenses e no sequestro de 250 pessoas, muitas das quais ainda estão sendo mantidas em Gaza. Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva, que, de acordo com autoridades de saúde palestinas, resultou na morte de mais de 43 mil pessoas, a maioria mulheres e crianças. No entanto, a contagem de vítimas não faz distinção entre civis e combatentes, embora as autoridades palestinas afirmem que a maioria das vítimas sejam civis.
A guerra gerou uma grave crise humanitária em Gaza e aumentou o isolamento internacional de Israel, que enfrenta investigações de dois tribunais internacionais sobre alegações de crimes de guerra. O conflito também levou a protestos em universidades dos Estados Unidos e reacendeu o debate sobre o papel dos EUA como principal aliado militar e diplomático de Israel.
Mediadores internacionais, incluindo os EUA, Egito e Catar, falharam em conseguir um cessar-fogo duradouro. Enquanto isso, Trump pediu que Israel “terminasse o trabalho” e destruísse o Hamas, mas sem esclarecer como. David Makovsky questionou se isso significaria dar carta branca a Israel ou exigir o fim imediato da guerra, destacando a falta de clareza nas declarações de Trump.
Plano revisado
O plano de paz entre Israel e Palestina, proposto por Donald Trump durante seu primeiro mandato, deverá ser revisitado se ele for reeleito, de acordo com um ex-assessor sênior que liderará sua equipe de transição, segundo infomações do Times of Israel. O plano original propunha a anexação por parte de Israel de todos os assentamentos na Cisjordânia, enquanto os palestinos teriam um caminho para a criação de um estado semi-contíguo no restante do território. No entanto, a proposta foi rejeitada pela Autoridade Palestina, com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, expressando apoio, mas com reservas, enquanto seus aliados colonos rejeitaram a ideia devido à possibilidade de um estado palestino.
Brian Hook, que foi enviado especial de Trump para o Irã, comentou em entrevista à CNN que muitos dos elementos do plano de 2020 ainda são relevantes e que ele aborda as condições que a Arábia Saudita busca para normalizar suas relações com Israel. Contudo, Hook reconheceu que, após o ataque do Hamas em 7 de outubro, a disposição para discutir uma solução de dois Estados diminuiu significativamente, pois muitos israelenses estão focados em questões de segurança e em evitar novos ataques terroristas. Além disso, fontes confirmaram que Hook será o responsável por liderar a equipe de transição de Trump no Departamento de Estado, caso ele retorne à Casa Branca.