Família mantida em detenção amplia debate sobre trato da Austrália com imigrantes

Enredo que se desenrola desde 2018 já fez com que família migrante tâmil fosse para detenção comunitária na Austrália

A situação de uma família tâmil do Sri Lanka intensificou o debate sobre como a Austrália trata seus migrantes. No mais recente capítulo de um enredo que se desenrola desde 2018, uma das filhas do casal, de três anos, precisou ser internada após desenvolver uma pneumonia não tratada durante a detenção.

Nascidas na Austrália, as duas meninas foram enviadas à Ilha Christmas depois que o governo australiano rejeitou os pedidos de asilo dos pais Nades e Priya, nascidos no Sri Lanka.

Camberra autorizou que os quatro membros deixassem a detenção de imigrantes na ilha, mas determinou que fossem para uma detenção comunitária, não para casa. Conforme a agência catari Al-Jazeera, o espaço fica a 4 mil quilômetros de Biloela, cidade onde vive a família Murugappan.

Austrália envia família tâmil para detenção comunitária após polêmica sobre migração
Família Murugappan, em arquivo pessoal (Foto: Reprodução/Arquivo pessoal)

Agora, apoiadores dos Murugappans fazsem campanha para tentar convencer o governo australiano. “A detenção comunitária não é garantia de segurança e paz para eles”, disse Ângela Fredericks, amiga da família.

“Nades está ansioso para voltar a trabalhar em Biloela e assim sustentar sua jovem família, e Priya quer as filhas na escola. A Austrália sabe que a casa desta família é em Biloela”, pontuou.

Policiais invadiram a casa da família em março de 2018 e levaram os quatro membros para o centro de detenção de Melbourne. O caso aumentou os protestos, já habituais devido à fama da Austrália de adotar uma abordagem linha-dura com refugiados e imigrantes ilegais.

Um longo percurso

Vindos do Sri Lanka, Nades e Pryia chegaram ao país em 2012 e 2013, respectivamente. Eles se casaram na Austrália, mas foram detidos depois que o visto de Pryia expirou. Em outubro de 2019, as Nações Unidas instaram Camberra a permitir que a família ficasse no país.

Meses antes, em agosto de 2019, após uma nova rejeição dos pedidos de asilo, um juiz do Tribunal Federal concedeu uma liminar de urgência para forçar o avião, já a caminho do Sri Lanka, a pousar em Darwin. A ação segue em vigor.

A ministra do Interior, Karen Andrews, afirmou na semana passada que o governo procura “opções de reassentamento” para a família, mas em um novo país. Mesmo que tenham nascido na Austrália, as filhos não têm direito à cidadania australiana.

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