Apenas de só ter obtido modestos sucessos eleitorais com o seu partido, One Nation, Pauline Hanson é a figura política populista mais bem sucedida da Austrália, aponta o site The Conversation.
O histórico de Hanson é o de rejeição e de negação dos benefícios e privilégios da população branca nos países colonizados.
Para a australiana, imigrantes refugiados são uma ameaça à segurança e cultura do país . Não-nativos devem abraçar os costumes do novo país ou voltar para casa.
Além disso, acredita na existência do chamado “racismo reverso”. Dessa maneira, ela criou espaço tanto para o público quanto para outras figuras políticas de extrema-direita adotarem discursos dessa natureza na Austrália.

One Nation
Hanson surgiu no cenário político em 1996, quando foi rejeitada como a candidata à deputada do Partido Liberal por um subúrbio de Queensland, após comentários racistas sobre povos indígenas. O estado fica no norte do país, tem relevante população dos chamados aborígenes e abriga cidades como Brisbane.
Em uma plataforma nacionalista, populista e protecionista, ela acabou concorrendo de forma independente e ganhou a vaga com vantagem.
Em seu discurso de vitória, Pauline Hanson afirmou que a Austrália corria perigo de ser “inundada por asiáticos”, pediu a abolição do multiculturalismo e se posicionou contra os direitos dos povos indígenas.
Um ano depois, ela criou o partido One Nation e teve um bom desempenho nas eleições estaduais do ano seguinte, conquistando 11 cargos em Queensland.
O sucesso do partido não durou muito tempo por divisões internas, fraca liderança e escândalos pessoais e financeiros de Hanson. Em 2003, ela chegou a ser condenada por fraude eleitoral, mas conseguiu anular a condenação.
Em 2016, o One Nation voltou a se popularizar. Hanson foi eleita para o Senado, junto com outros três candidatos da legenda.
Extrema-direita
A volta de Hanson ao cenário político ocorreu em um momento propício para os tipos de ideais que defende. O cientista político Cas Mudde chama o século XXI de “a quarta onda da extrema-direita“.
Os pensamentos extremistas têm sido mais tolerados, debatidos e normalizados. O resultado é um deslocamento do limite do que “pode ser dito” por quem adota ideais extremistas, a chamada Janela de Overton.
O ressurgimento da política trouxe ainda discursos de intolerância contra muçulmanos e a defesa de uma proibição de imigração no “estilo Donald Trump”. Para o The Conversation, a própria imprensa tem proporcionado plataformas para a expressão de ideias de extrema-direita.