China acelera planos para pouso lunar tripulado e expande presença espacial

Beijing vem mantendo o ritmo acelerado de seu programa espacial, já tendo enviado quatro espaçonaves à superfície da Lua

A China está intensificando seus esforços para concretizar um pouso lunar tripulado até o final da década. Paralelamente, o país avança com o cronograma de novas missões para sua estação espacial Tiangong, consolidando-se como uma potência no setor aeroespacial. As informações são da Newsweek.

Com a meta de enviar astronautas à superfície da Lua, Beijing já trabalha no desenvolvimento do foguete Long March 10, do módulo lunar tripulado Lanyue e de um traje espacial adaptado para a exploração do solo lunar. Segundo o People’s Liberation Army Daily, meio de comunicação oficial das Forças Armadas chinesas, as instalações de lançamento na ilha de Hainan, no sul do país, estão sendo construídas de forma ordenada.

Enquanto isso, os tripulantes das missões Shenzhou-20 e Shenzhou-21 já foram selecionados e estão em treinamento. De acordo com a Agência Espacial Tripulada da China, essas missões reforçarão a presença do país na órbita terrestre e darão suporte à Tiangong, que se tornou a alternativa chinesa à Estação Espacial Internacional (ISS, da sigla em inglês) desde sua inauguração em 2021.

Renderização da Estação Espacial Tiangong, da China (Foto: Shujianyang/WikiCommons)

Além de avançar com seus próprios projetos, Beijing também busca cooperação internacional. Um acordo recente firmado com o Paquistão permitirá que astronautas paquistaneses realizem missões de curta duração a bordo da Tiangong, tornando-se os primeiros estrangeiros a integrar a estação espacial chinesa.

Uma nova corrida espacial

A China tem mantido um ritmo acelerado em seu programa espacial, já tendo enviado quatro espaçonaves à superfície lunar. Entre os marcos mais notáveis, destaca-se a missão que alcançou o lado oculto da Lua, um feito inédito na exploração espacial. Agora, o objetivo é viabilizar missões humanas ao satélite natural da Terra.

Lin Xiqiang, porta-voz do programa espacial tripulado da China, afirmou em outubro que, apesar dos avanços, os desafios permanecem significativos. “O desenvolvimento e os testes da missão são árduos, tecnicamente complexos, e o cronograma é apertado”, disse.

Especialistas veem os planos chineses como ambiciosos, mas realistas. O astrofísico Jacco van Loon, diretor do Observatório Keele, destacou que, embora o país já tenha pesquisado materiais para uma possível base lunar, ainda precisa demonstrar sua capacidade de enviar astronautas para uma missão ao redor da Lua antes de um pouso tripulado.

“A China parece determinada a provar ao mundo que pode alcançar qualquer feito espacial”, disse van Loon à Newsweek. “Mas, no fundo, essa corrida não é apenas sobre prestígio. O país busca impulsionar sua economia com a indústria espacial, explorar recursos na Lua e em asteroides, além de garantir sua segurança nacional com uma presença permanente no espaço.”

Próximos passos

A rivalidade entre China e Estados Unidos no setor aeroespacial se intensifica. O governo norte-americano, por meio do programa Artemis da NASA, também pretende estabelecer uma presença humana na Lua até 2030, com apoio de parceiros internacionais.

Enquanto isso, Beijing segue com sua agenda ambiciosa. Em 2026, está previsto o lançamento da missão Chang’e-7, que investigará o polo sul lunar em busca de água no solo. Esse pode ser um passo fundamental para a exploração sustentável do satélite e para o estabelecimento de uma base permanente no futuro.

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