China alerta para riscos globais após espionagem israelense dentro do Irã

Beijing vê ação secreta do estado judeu como modelo de guerra moderna e defende que a segurança nacional seja reforçada

A infiltração de agentes israelenses no Irã, uma operação capaz de neutralizar defesas e viabilizar ataques a alvos nucleares, acendeu um sinal de alerta na China. Para analistas militares de Beijing, a operação secreta revela uma nova era nos métodos de guerra e escancara riscos que podem afetar a segurança de qualquer país. As informações são do jornal South China Morning Post.

Fu Qianshao, analista militar e ex-integrante da força aérea chinesa, destacou que o diferencial da recente ofensiva israelense contra o Irã foi justamente a ação prévia da inteligência. Segundo ele, a infiltração de agentes da Mossad permitiu que Israel contrabandeasse drones e armas de precisão para dentro do território iraniano, estabelecendo uma base secreta de lançamento antes dos ataques aéreos.

O premiê de Israel, Benjamin Netanyahu, em 2019 (Foto: Palácio do Planalto/Flickr)

Esses ativos posicionados com antecedência, segundo Fu, foram decisivos para desabilitar rapidamente os sistemas de defesa aérea iranianos durante os bombardeios realizados na madrugada de 13 de junho. O Irã só conseguiu começar a reagir horas depois, com sua capacidade de retaliação severamente comprometida.

Fu classificou a estratégia como um marco no conceito de guerra híbrida. Segundo ele, a tática de ter espiões desativando os radares e sistemas de mísseis terra-ar do Irã, permitindo que os caças israelenses entrassem no espaço aéreo quase sem resistência, pertence a uma nova forma de guerra. E, de muitas maneiras, abriu uma “caixa de Pandora”.

Os ataques israelenses tiveram como alvo instalações nucleares estratégicas e resultaram na morte de pelo menos quatro comandantes militares de alto escalão e seis cientistas nucleares iranianos. Para analistas chineses, o episódio demonstra que a guerra moderna pode se basear mais em infiltração e sabotagem interna do que em confrontos convencionais.

Diante do ocorrido, especialistas de segurança na China vêm pressionando o governo chinês para revisar seus protocolos de defesa cibernética e contrainteligência, temendo que estruturas críticas do país possam ser igualmente vulneráveis a operações do tipo.

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