China amplia arsenal nuclear em ritmo mais acelerado do mundo, aponta instituto

Relatório indica que país adicionou mais cem ogivas em 2024 e já possui aproximadamente 600 armas de destruição em massa

A China adicionou cem ogivas nucleares a seu arsenal em 2024, chegando a um total de 600, segundo relatório divulgado nesta segunda-feira (16) pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri, na sigla em inglês). O levantamento anual alerta que a corrida armamentista nuclear está ganhando força em várias partes do mundo, mas Beijing é quem mais se movimenta nesse sentido.

Apesar da leve queda no total global de ogivas — hoje estimado em 12.241 — o Sipri alerta para o crescimento desigual entre os países, com destaque para a China, que expandiu seu arsenal mais rapidamente do que qualquer outra nação. Em comparação, a Coreia do Norte manteve o mesmo número de 50 armas nucleares, mas possui material físsil suficiente para fabricar até 40 adicionais.

Veículos militares carregam mísseis balísticos intercontinentais DF-5B durante um desfile em Beijing (Foto: WikiCommons)

Rússia e EUA continuam a deter juntos cerca de 90% das armas nucleares do planeta. Moscou possui atualmente 5.580 ogivas, enquanto Washington detém 5.328. Israel, segundo o relatório, tem um total de 90 armas nucleares, embora o governo não confirme publicamente sua posse.

Em resposta ao relatório, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Guo Jiakun, afirmou que o país “mantém sempre suas capacidades nucleares no nível mínimo necessário para a segurança nacional”. Ele acrescentou que a China “nunca participou de uma corrida armamentista”, de acordo com a rede NPR.

Guo também reiterou o compromisso chinês com a política de “não uso em primeiro lugar”, que implica utilizar armas nucleares apenas em caso de ataque do mesmo tipo. “A China continuará firmemente comprometida em manter o mundo pacífico e estável”, declarou.

“A era de redução do número de armas nucleares no mundo, que perdurou desde o fim da Guerra Fria, está chegando ao fim”, disse Hans M. Kristensen, pesquisador sênior associado do Programa de Armas de Destruição em Massa do Siprie diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos (FAS). “Em vez disso, vemos uma tendência clara de aumento de arsenais nucleares, aguçamento da retórica nuclear e o abandono de acordos de controle de armas.”

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