A China está empenhada em fortalecer seus laços com a Arábia Saudita, após uma reunião de “alto nível” entre o primeiro-ministro Li Qiang e o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman em Riad nesta quarta-feira (11), conforme noticiado pela mídia estatal de Beijing.
Li desembarcou na capital saudita na noite de terça-feira (10) para copresidir o quarto Comitê de Alto Nível Sino-Saudita junto com bin Salman.
Ambos os lados devem realizar discussões detalhadas para “aprofundar a amizade e ampliar a cooperação”.
Li afirmou que espera que China e Arábia Saudita fortaleçam a coordenação de suas estratégias de desenvolvimento e elevem suas relações bilaterais “a um novo patamar”.
Ele ressaltou que, desde o início das relações diplomáticas há 34 anos, os dois países alcançaram um progresso significativo, com “resultados frutíferos” na cooperação, graças aos esforços conjuntos, conforme mencionou após sua chegada a Riad.
Antes da visita de Li a Riad, a China entregou à Arábia Saudita a maior plataforma offshore de petróleo e gás já construída.
A plataforma de coleta e transporte de Marjan pesa mais de 17.200 toneladas, com uma altura superior a um edifício de 24 andares e uma área de deck equivalente a 15 quadras esportivas.
A China é o segundo maior importador de petróleo da Arábia Saudita, com o comércio bilateral alcançando cerca de US$ 106 bilhões no ano passado.
A visita de Li marca a primeira viagem de alto nível a Riad desde que a China mediou um acordo entre a Arábia Saudita e o Irã em março do ano passado, visando a normalização das relações entre os dois países.
Depois de Riad, o premiê seguirá para os Emirados Árabes Unidos. O Ministério das Relações Exteriores da China informou que a visita ao Oriente Médio será concluída na sexta-feira.
Violações de direitos humanos
A Arábia Saudita está entre as nações líderes de abusos dos direitos humanos. No ano passado, aplicou a pena de morte 196 vezes, superando um recorde nacional que já durava 30 anos. Ficou atrás somente do Irã, que executou ao menos 576 pessoas, sem que os números reais sejam conhecidos, e da China, que as estimativas sugerem mais de mil execuções anuais, embora não haja dados estatais a respeito.
Apesar dos esforços governamentais de reforma sob a agenda “Visão 2030” do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman, que tem o objetivo de converter o outrora fechado reino em um destino global para o turismo e negócios, persistem preocupações sobre direitos humanos e a contenção da dissidência.
Os abusos não se resumem à questão da pena de morte. A violência de gênero é uma das marcas do governo saudita, que no ano passado aprovou uma lei permitindo a discriminação em virtude do sexo da pessoa. Pelo texto legal, os homens podem atuar como tutores legais das mulheres, que precisam de autorização masculina para, por exemplo, se casar.