Planos da Arábia Saudita são suspensos por petróleo barato e pandemia

Queda no preço do petróleo gera baque na economia saudita, adiando iniciativas como a cidade planejada de Neom

Os grandes planos de expansão e modernização econômica do príncipe Mohammed bin Salman para a Arábia Saudita foram suspensos diante da pandemia do novo coronavírus.

A contração econômica, acompanhada da queda brusca do maior produto de exportação do país, puseram em hiato a construção da cidade futurística de Neom e outros projetos do programa, batizado de “Visão 2030”.

As informações são do jornal norte-americano The New York Times.

A população, que se animava com as possibilidades do futuro, agora enfrenta uma situação muito diferente da imaginada pelo príncipe saudita em um dos períodos mais complicados de seu mandato.

Bin Salman não deu nenhuma declaração sobre nenhum plano específico. Já o ministro das Finanças afirmou à Bloomberg que projetos como o de Neom seriam simplesmente adiados.

Grandes planos da Arábia Saudita são suspensos pela pandemia
Vista de Riad, capital da Arábia Saudita (Foto: Wikimedia Commons)

Coronavírus

O governo tomou medidas de auxílio à população durante o início da pandemia. Pagou o voo de volta para casa de sauditas morando em diversas partes do mundo, colocou a todos em quarentena em hotéis às custas do governo e subsidiou até 60% dos salários de empregados do setor privado.

Os sauditas praticamente não sofreram com as demissões. O reino também ofereceu empréstimos sem juros, descontos em energia elétrica e outros estímulos.

De acordo com dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), a Arábia Saudita registrou 60 mil casos de infecção pelo Covid-19 e cerca de 320 mortes.

Mudanças

O preço do petróleo bruto caiu mais da metade em março. Entre os motivos, a pandemia do coronavírus congelou a demanda pelo produto e Bin Salman iniciou uma guerra de preços com a Rússia.

Agora, o valor está muito abaixo do que o governo precisa para equilibrar o orçamento. A empresa estatal de petróleo saudita, Aramco, afirmou que o lucro do primeiro trimestre caiu 25% em relação ao mesmo período do ano passado.

Com os preços muito baixos e os níveis de gasto do governo em alta, a Arábia Saudita ficaria sem dinheiro entre três e cinco anos. Isso significa que o país teria de começar a captar recursos no exterior.

Sauditas acostumados com subsídios generosos de combustível e eletricidade, empregos no governo, educação e saúde gratuita podem ter que enfrentar um futuro menos confortável do que as gerações anteriores.

O governo já anunciou que vai triplicar o imposto sobre o valor agregado de bens e serviços, passando de 5% para 15%. Também vai retirar cerca de US$ 266 do benefício mensal dado a trabalhadores do Estado e revisar outros auxílios financeiros pagos a empregados e terceirizados.

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