China impõe longas penas de prisão a ativistas dos direitos humanos

Detidos por organizarem uma reunião para debater direitos humanos, Xu Zhiyong e Ding Jiaxi foram condenados por “subversão"

A Justiça chinesa condenou nesta segunda-feira (10) dois dos principais ativistas de direitos humanos do país a penas de prisão de mais de uma década cada um por subversão. Os julgamentos, segundo a ONG Human Rights Watch (HRW), foram conduzidos a portas fechadas e marcados por problemas processuais e alegações de maus-tratos. As informações são da rede Deutsche Welle.

Xu Zhiyong, 50, e Ding Jiaxi, 55, foram a julgamento em junho do ano passado sob a acusação de subversão do Estado em um tribunal no condado de Linshu, na província de Shandong, no nordeste do país. Só agora foram sentenciados e pegaram 14 e 12 anos, respectivamente.

“As condenações e sentenças cruelmente ridículas impostas a Xu Zhiyong e Ding Jiaxi mostram a hostilidade incansável do presidente Xi Jinping em relação ao ativismo pacífico”, disse Yaqiu Wang, pesquisador da HRW na China. “Governos de todo o mundo devem se unir para pedir às autoridades chinesas que libertem os dois advogados imediata e incondicionalmente”.

O escritor chinês Xu Zhiyong foi condenado a 14 anos e o advogado Ding Jiaxi a 12 pelo ativismo em prol da democracia na China (Foto: China Change.org/Divulgação)

Xu e Ding eram membros do movimento Novos Cidadãos, uma rede de ativistas fundada por eles em 2010 e mais tarde banida pelo governo, que atuava em prol da transparência governamental e contra a corrupção no país asiático. Ambos já haviam sido presos anteriormente em consequência do ativismo. Ding permaneceu no cárcere de 2013 a 2016, enquanto Xu cumpriu quatro anos de prisão, entre os anos de 2014 e 2018.

Mais tarde, os dois participaram de uma reunião secreta entre advogados ativistas em Fujian, no sul da China, em dezembro de 2019, que discutiu a situação da sociedade civil no país. Muitos participantes foram detidos no mesmo mês ou investigados pelas autoridades, segundo a ONG Anistia Internacional (AI), entre eles Ding.

Em fevereiro de 2020, Xu criticou, em uma série de postagens em blogs, a forma como o presidente Xi Jinping lidou com o surgimento do surto original da Covid-19 em dezembro de 2019 e com os protestos pró-democracia em Hong Kong no mesmo ano. Ele foi colocado à época sob “estado de vigilância num local designado” até janeiro de 2022, período durante o qual teria sido submetido a maus-tratos, incluindo longas sessões de interrogatório.

Li Qiaochu, parceira de Xu e ativista dos direitos das mulheres e trabalhistas com sede em Beijing, está detida desde fevereiro de 2021 sob suspeita de “incitar a subversão do poder do Estado”. Ela aguarda julgamento.

“O tratamento dado pela China aos defensores de direitos humanos mais conhecidos do país deve ser uma verificação da realidade para os líderes estrangeiros que se apressam em voltar aos negócios como sempre com Beijing”, acrescentou Wang. “A comunidade internacional precisa apoiar aqueles que estão pagando o preço mais alto lutando pelos direitos de todos na China”.

Pelo Twitter, a AI disse que as prisões de Xu e Ding são uma “flagrante violação de seus direitos à liberdade de expressão e reunião” e “eles devem ser libertados imediata e incondicionalmente”.

O Ministério das Relações Exteriores da China disse que não estava ciente dos casos.

“A China é um país governado pela lei, todos são tratados igualmente sob a lei e os casos são tratados de acordo com a lei”, disse o porta-voz Wang Wenbin em coletiva de imprensa.

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