A Frente de Direitos Civis Humanos (CHRF, da sigla em inglês), coalizão responsável pelos superlativos protestos pró-democracia em Hong Kong em 2019, anunciou, neste domingo (15), sua dissolução, informou a emissora France24. A justificativa é a repressão coordenada por Beijing.
Fundado em 2002, com bandeiras de não violência e impulsionado por centenas de milhares de pessoas nas ruas, o CHRF teve um papel importante nos meses de protestos pela democracia que convulsionaram Hong Kong há dois anos. Agora, a dura legislação que proíbe protestos na cidade semi-autônoma silenciou o movimento.
“Todos os grupos membros foram suprimidos, e a sociedade civil está enfrentando um desafio severo sem precedentes”, explicou o movimento em comunicado oficial.
Em 2020, uma ampla lei de controle foi imposta à cidade, criada para criminalizar qualquer ato que acredite ameaçar a segurança nacional do território semi-autônomo de Hong Kong. Muitos líderes democráticos foram presos – entre eles ativistas proeminentes do CHRF, os ex-líderes Jimmy Sham e Figo Chan – ou fugiram. Temendo a perseguição, mais de 30 grupos da sociedade civil foram desfeitos.
O Sindicato dos Professores Profissionais (PTU, da sigla em inglês), o maior entre as associações honconguesas, anunciou na semana passada que estava fechando as portas após quase 50 anos de operação.
As dissoluções da CHRF e do PTU surgem depois que várias reportagens foram publicadas pela mídia estatal chinesa, atacando as organizações e conclamando as autoridades de Hong Kong a ampliar esforços para desmantelá-las.
“Para quaisquer forças anti-China e criadoras de problemas, é apenas uma questão de tempo para que cortejem sua própria ruína”, disse o Diário do Povo, principal veículo estatal da China, em um comentário endereçado ao PTU na terça-feira (10).