China mantém pena de morte de canadense condenado por tráfico de drogas

Beijing nega que veredito seja retaliação por executiva da Huawei que aguarda extradição para os Estados Unidos

Um tribunal chinês manteve nesta terça-feira (10) a sentença de morte do canadense Robert Lloyd Schellenberg por tráfico internacional de drogas, informou a agência Reuters. O veredito ocorre um dia antes da decisão sobre outro processo de Beijing contra um cidadão do Canadá, Michael Spavor, acusado de espionagem.

Schellenberg, detido em 2014, é acusado de traficar cerca de 220 quilos de metanfetamina. Inicialmente, ele foi condenado a 15 anos de prisão em primeira instância, numa sentença proferida em 2018. Porém, ele se declarou inocente, argumentou que tinha ido à China a turismo e recorreu da decisão.   

Robert Lloyd Schellenberg foi condenado à morte por contrabandear drogas na China (Foto: Hong Kong Free Press/Reprodução Twitter)

Diante da apelação, um tribunal da cidade de Dalian o sentenciou à morte em janeiro de 2019, um mês depois que a executiva da Huawei Meng Wanzhou foi presa no Aeroporto Internacional de Vancouver por um mandado de prisão internacional proveniente dos Estados Unidos. 

O embaixador do Canadá na China, Dominic Barton, afirma que as medidas adotadas pela Justiça chinesa contra cidadãos canadenses não são uma coincidência, dado o caso de Vancouver.

No Canadá, o caso de Schellenberg virou arma da oposição contra o premiê Justin Trudeau, do Partido Liberal. O oposicionista Erin O’Toole, líder do Partido Conservador, diz que os liberais não estão sendo duros o suficiente com a China, que “planeja tirar a vida de um canadense por motivos políticos”.

Espionagem

A detenção de Spavor, em dezembro de 2018, ocorreu poucos dias depois de o Canadá ter prendido Meng, que deve comparecer a um tribunal canadense nos próximos dias para a audiência que julgará o pedido de extradição. Ela é acusada de enganar um banco sobre o relacionamento da Huawei com uma companhia do Irã sancionada pelos EUA.

Spavor, por sua vez, é acusado de “roubo de informações sensíveis de Inteligência”. Além dele, a China prendeu na mesma época o ex-diplomata canadense Michael Kovrig, acusado do mesmo crime. O julgamento foi realizado em março, e o veredito ainda não foi divulgado.

Os tribunais chineses têm uma taxa de condenação de mais de 99%.

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