A China pode não alcançar seu ambicioso objetivo de realizar cem lançamentos espaciais em 2024, com quase metade das missões ainda pendentes em novembro. Segundo dados de monitoramento de atividades espaciais, tanto dentro como fora do país, apenas 56 lançamentos haviam sido realizados até a metade deste mês de novembro. As informações são do jornal South China Morning Post.
Especialistas dentro da China, no entanto, não parecem surpresos com o atraso. Um engenheiro de foguetes de Beijing, que pediu anonimato, classificou a meta de cem lançamentos como irrealista desde o início. Segundo ele, o setor espacial comercial do país enfrenta escassez de recursos financeiros, falta de mão de obra qualificada e apoio governamental limitado.
A situação contrasta com a da norte-americana SpaceX, que alcançou cem lançamentos do Falcon 9 já em outubro, consolidando-se como líder no setor. O astrônomo Jonathan McDowell, da Universidade de Harvard, destaca a tecnologia reutilizável da base dos foguetes como fator-chave para a superioridade dos Estados Unidos.
No caso chinês, a fonte anônima citada pelo jornal cita ainda o acidente com um foguete de teste, o que tornou mais rígidos os processos de aprovação de lançamentos. O episódio ocorreu em junho, quando um foguete da Space Pioneer foi lançado acidentalmente durante um teste na província de Henan. A explosão, embora sem vítimas, gerou preocupações sobre segurança e impôs novos desafios regulatórios para empresas privadas.
Apesar disso, a China ainda pode superar seu recorde de 67 lançamentos em um único ano, alcançado em 2023. Até 15 missões estão previstas para dezembro, incluindo o voo inaugural do Long March-12, um foguete de médio porte com capacidade para colocar até dez toneladas em órbita baixa.
A indústria estatal ainda domina o setor no país, com cerca de 70% dos lançamentos previstos para este ano sendo realizados por foguetes Long March. Empresas privadas como Galactic Energy, CAS Space e LandSpace também planejam contribuições importantes, destacando-se o Zhuque-2, o primeiro foguete a metano a alcançar órbita, em 2023.
Mesmo com os desafios, analistas veem a expansão da indústria espacial chinesa como inevitável, embora mais lenta que o esperado. “O potencial está lá, mas o caminho será mais longo do que o inicialmente planejado”, concluiu o engenheiro de Beijing.