China prepara porta-aviões nuclear para se igualar a rivais ocidentais

Protótipo de reator terrestre indica avanço de Beijing rumo a uma frota de porta-aviões com alcance global que rivalize com os EUA

A China construiu um protótipo terrestre de reator nuclear para navios de grande porte, um avanço que reforça seu objetivo de operar um porta-aviões nuclear, algo que atualmente apenas Estados Unidos e França possuem. Com isso, Beijing se aproximaria das potências navais ocidentais, ampliando sua influência nos mares e a capacidade de atuação global de sua marinha. As informações são da agência Associated Press (AP).

A descoberta foi feita pelo Middlebury Institute of International Studies, que analisou imagens de satélite e documentos oficiais chineses, confirmando o desenvolvimento do projeto. Há anos, rumores sugerem que a China pretende construir um porta-aviões nuclear, mas esta é a primeira evidência concreta de que o país está realmente trabalhando em um sistema de propulsão nuclear para embarcações desse porte.

A construção desse protótipo destaca a ambição chinesa de fortalecer sua Marinha, a maior do mundo em número de embarcações, com o objetivo de consolidar uma “força de águas azuis”, capaz de operar em qualquer parte do globo e rivalizar com a presença dos Estados Unidos nos oceanos.

Porta-aviões chinês Liaoning (Foto: WikiCommons)

Os porta-aviões nucleares apresentam várias vantagens na comparação com os convencionais, incluindo a capacidade de permanecer no mar por longos períodos sem necessidade de reabastecimento. Além disso, a energia gerada pelo reator nuclear permite que a embarcação opere sistemas avançados de armas e suporte missões aéreas prolongadas, aumentando a eficiência e a autonomia operativa. Essas características tornam esses navios instrumentos estratégicos de projeção de poder, essenciais para nações com ambições globais.

Atualmente, a China possui três porta-aviões, sendo o mais recente o Tipo 003 Fujian, o primeiro projetado e construído inteiramente no país. No entanto, todos são movidos a combustível convencional. A construção de uma quarta embarcação foi confirmada, mas as autoridades chinesas ainda não revelaram se ela será nuclear ou convencional, embora o novo protótipo seja um forte indicativo de que essa mudança esteja próxima.

A instalação do protótipo nuclear terrestre está localizada na província de Sichuan e é controlada pelo Instituto de Energia Nuclear da China, reforçando a estratégia nacional de Beijing para expandir seu alcance marítimo. De acordo com documentos analisados pelos pesquisadores, o equipamento desenvolvido está voltado para “um grande navio de superfície”, e a iniciativa possui designação de “defesa nacional”, destacando sua importância para o planejamento militar do país.

Esse desenvolvimento está alinhado com a visão do presidente Xi Jinping de construir uma Marinha de “primeira classe” que suporte os interesses globais da China e fortaleça sua presença em águas distantes. O governo chinês tem acelerado o investimento na modernização militar, enfatizando uma transição da defesa costeira para missões de proteção de longa distância, posicionando-se como uma potência marítima de influência global.

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