China realiza manobras militares em resposta aos EUA: ‘Preparação para guerra’

Porta-voz militar diz que Beijing não poupará esforços para 'salvaguardar a soberania nacional' no Mar da China Meridional

O Exército de Libertação Popular (ELP), da China, realizou nos últimos dias um exercício militar aéreo e naval no Mar da China Meridional. Foi uma resposta à ação conjunta semelhante de seus principais rivais na região, EUA, Japão, Austrália e Filipinas. Após as manobras, Beijing falou em “preparação para a guerra”, segundo informou o jornal South China Morning Post.

O exercício chinês foi realizado entre domingo (7) e segunda-feira (8) e incluiu patrulha de caças, ataques aéreos e marítimos. De acordo com coronel Tian Junli, porta-voz do Comando do Teatro Sul do ELP, a China pretende “fortalecer continuamente o treino militar e a preparação para a guerra” e “salvaguardar a soberania nacional e manter a paz e a estabilidade no Mar da China Meridional.”

Foi também no domingo que os EUA e seus aliados realizaram seu exercício na área, sob argumento semelhante ao da China. Em comunicado, as quatro nações disseram que o objetivo é assegurar “o Estado de direito que é a base para uma região pacífica e estável do Indo-Pacífico”, segundo a agência Associated Press (AP).

Principal alvo das hostilidades da China, com quem disputa o controle das ilhas Spratly, um arquipélago dentro de sua Zona Econômica Exclusiva (ZEE), as Filipinas afirmaram que as manobras do final de semana “demonstraram o compromisso dos países participantes em fortalecer a cooperação regional e internacional em apoio a um Indo-Pacífico livre e aberto.”

Militar chinês usa metralhadora pesada em treinamento (Foto: eng.chinamil.com.cn)

Tóquio se pronunciou nos mesmos termos, falando em paz na área. “O Japão acredita que a questão relativa ao Mar da China Meridional está diretamente relacionada com a paz e a estabilidade da região e é uma preocupação legítima da comunidade internacional, incluindo o Japão, a Austrália, as Filipinas e os Estados Unidos”, disse o Ministro da Defesa Minoru Kihara.

Disputa territorial

Na última década, o Mar da China Meridional tem sido palco de inúmeras disputas territoriais entre a China e outros reclamantes do Sudeste Asiático, bem como de uma disputa geopolítica com os Estados Unidos quanto à liberdade de navegação nas águas contestadas. 

Os chineses ampliaram suas reivindicações sobre praticamente todo o Mar da China Meridional e ali ergueram bases insulares em atóis de coral ao longo dos últimos dez anos. Washington deu sua resposta com o envio de navios de guerra à região, no que classifica como “missões de liberdade de operação”.

Embora os EUA não tenham reivindicações territoriais na área, há décadas o governo norte-americano tem enviado navios e aeronaves da Marinha para patrulhar, com o objetivo de promover a navegação livre nas vias marítimas ​​internacionais e no espaço aéreo.

Segundo o almirante John Aquilino, líder do Comando Indo-Pacífico das Forças Armadas dos EUA, a razão da presença de Washington na região é “prevenir a guerra por meio da dissuasão e promover a paz e a estabilidade, inclusive envolvendo aliados e parceiros americanos em projetos com esse objetivo”.

Já a atuação de Beijing, de acordo com o almirante, é preocupante. “Acho que nos últimos 20 anos testemunhamos o maior acúmulo militar desde a Segunda Guerra Mundial pela República Popular da China”, afirmou. “Eles avançaram todas as suas capacidades, e esse acúmulo de armamento está desestabilizando a região”.

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