De acordo com notícias da mídia turca, um cidadão turco que morava no Tadjiquistão há 28 anos foi sequestrado em Dushanbe, no último sábado (16), por indivíduos não identificados e levado à força para a Turquia. Ele era procurado por autoridades de Ancara por conta de supostas ligações com o movimento Gulen, que é ilegal no país. As informações são da rede Radio Free Europe.

O homem, Koray Vural, é educador e empresário, tendo sido professor por muitos anos no Tajiquistão, após estudar inglês na Universidade Estadual tajique em Dushanbe, capital da ex-república soviética. Posteriormente, ele abriu um restaurante chamado Ozyurt na cidade. Familiares relataram que ele foi sequestrado por um grupo perto do estabelecimento que administrava durante o fim de semana.

As filhas de Vural, Sumeyra Nur e Yasemin Nur Vural, usaram o X, antigo Twitter, para expressar preocupação com o paradeiro de seu pai e pedir ajuda para encontrá-lo.

O caso de Vural não é o primeiro do gênero. Em julho passado, um outro cidadão turco e professor, Emsal Koc, que vivia no Tadjiquistão há 29 anos, foi sequestrado e levado para a Turquia, onde também enfrenta acusações de supostas conexões com o Gulen.

Já no Quirguistão, um país da Ásia Central, o educador turco-quirguiz Orhan Inandi foi sequestrado por agentes turcos em 2021 e forçado a ir para a Turquia contra sua vontade. Em junho deste ano, Inandi, que possui cidadania tanto quirguiz quanto turca, foi condenado a 21 anos de prisão por supostamente “estabelecer um grupo terrorista armado”.

As autoridades turcas rotularam Inandi como um dos principais líderes do movimento Gulen na Ásia Central. A iniciativa é liderada por Fethullah Gulen, um clérigo turco radicado nos Estados Unidos. Gulen costumava ser um amigo próximo do líder turco Recep Tayyip Erdogan, mas depois se tornou seu rival.

A Turquia classifica esse movimento, chamado de Hizmet em turco, como uma organização terrorista, embora seu foco principal seja a educação e o apoio à sociedade civil.

Por que isso importa?

Em 2016, o movimento Gulen foi acusado de estar envolvido em uma tentativa de golpe militar na Turquia.

O governo turco acusou seguidores de Fethullah Gulen de planejar e executar a tentativa de golpe, alegando que eles infiltraram várias instituições do Estado turco, incluindo o exército, a polícia e o sistema judiciário.

O governo turco considera o movimento como responsável pelo golpe fracassado e iniciou uma repressão em larga escala contra supostos membros do movimento em toda a Turquia desde então. Fethullah Gulen, que vive nos Estados Unidos, negou qualquer envolvimento na tentativa de golpe.