Coreia do Norte cita tensão ‘sem precedentes’ e intensifica ‘preparativos para guerra’

Kim Jong-un colocou de prontidão o Exército, a indústria de munições, o setores de armas nucleares e a defesa civil do país

O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, determinou nos últimos dias que as Forças Armadas do país, a indústria de munições e os órgãos que gerenciam o arsenal nuclear acelerem os preparativos para uma eventual guerra com o Ocidente. Ele se manifestou durante plenário do Partido dos Trabalhadores da Coreia, na quarta-feira (27), segundo relatou a imprensa estatal.

De acordo com a KCNA (Agência Central de Notícias da Coreia), Kim determinou que “o Exército Popular, a indústria de munições, o setor de armas nucleares e a defesa civil acelerem ainda mais os preparativos de guerra.”

Pyongyang argumentou que a medida se deve à “grave situação política e militar na Península Coreana”, que atingiu um ponto de tensão “sem precedentes” em razão da recente movimentação militar dos EUA e de seus aliados, que o governo norte-coreano classifica como “forças vassalas”.

Kim Jong-un inspeciona o arsenal norte-coreano (Foto: Divulgação/kcnawatch.org)

As ordens do líder norte-coreano surgem após a Coreia do Sul realizar um grande exercício que envolveu mais de mil militares, policiais e membros de serviços de emergência e simulou um ataque de Pyongyang, de acordo com a agência Reuters.

A simulação dedicou atenção especial à infraestrutura essencial, como os sistemas de abastecimento de água e de comunicação. Apenas 38 quilômetros separam Seul da fronteira militar com a Coreia do Norte, tornando a capital sul-coreana particularmente suscetível a um eventual ataque.

Ameaça nuclear

A escalada de tensão na Península Coreana não é recente e em boa parte se deve aos seguidos testes de mísseis pela Coreia do Norte, que levaram os EUA e seus aliados a realizarem manobras militares voltadas a intimidar o regime comunista, para assim conter sua beligerância.

Na semana passada, a ONU (Organização das Nações Unidas) fez um alerta à Coreia do Norte após mais um lançamento. No caso, o país testou um míssil balístico intercontinental (ICBM, na sigla em inglês) do tipo Hwasong-18, que voou uma distância de cerca de mil quilômetros e atingiu uma altitude de 6,5 mil quilômetros antes de cair no mar.

Foi o quinto lançamento de um ICBM neste ano, após um Hwasong-15 em fevereiro, um Hwasong-17 em março e mísseis de combustível sólido Hwasong-18 em abril e julho. Os sistemas do artefato testado mais recentemente seriam capazes de alcançar a maioria dos pontos da Terra, podendo assim atingir os EUA.

Também na semana passada, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) disse ter detectado níveis crescentes de atividade em um reator nuclear do complexo de Yongbyon, indício de que o país trabalha para obter mais plutônio para armas nucleares.

Em comunicado, a AIEA disse que a movimentação em Yongbyon é “motivo de preocupação” e alertou que o desenvolvimento do programa nuclear norte-coreano “é uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU e é profundamente lamentável.”

Tags: