Na Turquia, crianças são mais de um terço dos afetados pelo terremoto

Fundo de População das Nações Unidas diz ainda que 214 mil mulheres grávidas dependem da retomada dos serviços essenciais

O terremoto que atingiu Síria e Turquia arrasou a vida de muitas pessoas que já viviam numa situação profundamente precária, incluindo refugiados e deslocados internos.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) informou que, entre os turcos, menores de 17 anos representam mais de um terço dos afetados. O representante do Unicef, Maher Ghafari, disse que na Síria, também atingida pelo terremoto, “as necessidades são imensas, e os danos, significativos”.

Segundo Ghafari, desde o primeiro dia após o desastre, a agência está cuidando das necessidades de água e saneamento. Caminhões-pipa foram enviados para áreas onde o fornecimento de água foi interrompido.

Na Turquia, dos cerca de 15 milhões atingidos pelo terremoto existem mais de 214 mil mulheres grávidas. O Fundo das Nações Unidas para a População (Unfpa) afirma que, deste número, quase 24 mil devem dar à luz em março.

Assim como em conflitos, a gravidez não espera num caso de terremoto. As futuras mães precisam de apoio com cuidados obstétricos de emergência e cesarianas e assistência pré e pós-natal.  Sem eles, elas estão sob risco.

Com suprimentos médicos esgotados e centenas de centros de saúde, maternidades e outros espaços danificados, formou-se uma corrida contra o tempo para salvar vidas. O Unfpa está nas áreas afetadas na Turquia e na Síria para restabelecer serviços críticos e a proteção de milhões de mulheres e meninas vulneráveis que precisam urgentemente de cuidados.

Um pai e suas quatro crianças que sobreviveram ao terremoto na Turquia (Foto: Ozgur Olcer/Unicef)
Violência de gênero

Na Síria, hospitais, centros de saúde e espaços seguros em Alepo, Lattakia e Hama estão recebendo kits de dignidade e maternidade para mulheres grávidas e aquelas com partos recentes. São milhares de cobertores e casacos, enquanto mais de 20 equipes móveis com ginecologista, parteira e assistente psicossocial atendem a mulheres e meninas nas três áreas mais impactadas na província de Alepo.

Uma outra preocupação é evitar a violência de gênero numa situação de caos.

De acordo com agências de notícias, pelo menos 35 mil pessoas morreram após o terremoto na Turquia e na Síria. Mas o número tem subido todos os dias à medida que o trabalho de resgate avança.

OMS pede doações

No domingo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou um apelo de US$ 43 milhões para apoiar a resposta ao terremoto na Síria e na Turquia. O diretor-geral da agência, Tedros Ghebreyesus, destacou que o valor pode aumentar à medida que os efeitos do desastre se tornarem mais claros.

Já o diretor regional da OMS para o Mediterrâneo Oriental, Ahmed Al Mandhari, falou da destruição causada pelo terremoto, após visitar Alepo. Ele disse que quase metade das instalações de saúde não estão funcionando e vários hospitais tiveram equipamentos destruídos. A região já tinha sua estrutura de saúde impactada pelos 12 anos de guerra.

Falta de pessoal e de equipamento médico

De acordo com Al Mandhari, cerca de 25 milhões de pessoas foram afetadas pelo terremoto em toda a Síria. Em Alepo pode haver mais de 200 mil desabrigados.

Ele disse ter visto uma família de 16 membros morando em uma tenda e outras famílias em estádios lotados. E que algumas pessoas estão sem seus medicamentos para diabetes, hipertensão e até para o câncer.

O médico lembrou que, há dois dias, a OMS forneceu um carregamento de 35 toneladas compostas por kits de trauma e outros suprimentos médicos. Sobre os desafios, ele citou a capacidade limitada hospitalar em termos de recursos humanos que existem atualmente no sistema de saúde, bem como a falta de equipamentos e insumos médicos.

Inverno rigoroso e propagação de doenças

Além disso, a crise de combustível afeta não só a sociedade, mas também hospitais, que estão sem sistema de aquecimento, e muitos sem eletricidade.

Para ele, outro desafio é a maior propagação de doenças transmitidas pela água e alimentos, lembrando o surto de cólera do ano passado por causa da água contaminada e a possível transmissão de hepatite. Al Mandhari também mencionou o risco de transmissão de doenças em abrigos lotados, citando um surto de piolho.

Por último, o diretor regional da OMS, destacou o inverno rigoroso com temperaturas extremamente frias. Ele disse ter visto uma senhora idosa que tinha as mãos rachadas com hematomas e feridas devido ao clima seco e à falta de sistema de aquecimento.

Ajude as vítimas do terremoto

Quer ajudar as vítimas do devastador terremoto que atingiu a Turquia e a Síria na segunda-feira? Diversas entidades estão aceitando doações em dinheiro que são revertidas à ajuda às vítimas. Seguem algumas delas, todas confiáveis e com anos de atuação comprovada no suporte humanitário.

Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) está aceitando doações para apoiar as milhares de crianças afetadas pelo tremor. Para doar, clique aqui.

Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha pede doações em dinheiro para seu fundo de emergência de resposta a desastres. Para doar, clique aqui.

A ONG Médicos Sem Fronteiras, que atende emergências médicas em todo o mundo, também está coletando doações. Para doar, clique aqui.

A ONG Save the Children, que fornece comida, abrigo e roupas para crianças do mundo todo, está coletando doações. Para doar, clique aqui.

Conteúdo adaptado do material publicado originalmente pela ONU News

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