Crimes financeiros crescem em Hong Kong, advertem autoridades dos EUA

Washington quer rever relações comerciais com o território ante a alegações de envolvimento em práticas ilícitas e evasão de sanções

Legisladores dos EUA alertaram que Hong Kong se transformou em um polo de lavagem de dinheiro e evasão de sanções, à medida que Beijing exerce crescente controle sobre a cidade, e pediram uma revisão das estreitas relações comerciais de Washington com esse importante centro financeiro asiático. As informações são da CNN.

Um grupo bipartidário de parlamentares norte-americanos, membros do Comitê Seleto da Câmara sobre a China, expressou profunda preocupação com as práticas ilícitas relacionadas ao setor financeiro de Hong Kong, um dos pilares econômicos do território chinês.

Em uma carta enviada à secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, na última segunda-feira (25), os legisladores afirmam que o comportamento de Hong Kong, que abriga grandes bancos dos EUA e responde por mais de 20% do PIB local, compromete a confiança global no centro financeiro asiático. De acordo com os congressistas, Hong Kong passou de um centro financeiro global confiável para um ator crítico no fortalecimento do eixo autoritário que inclui China, Rússia, Irã e Coreia do Norte.

Noite no porto de Hong Kong (Foto: WikiCommons)
Ações questionáveis e práticas ilícitas

Os alertas levantados pelos legisladores são contundentes: Hong Kong está se tornando um “líder global” em práticas ilícitas. A carta cita como exemplo a exportação de tecnologia ocidental para a Rússia, o uso de empresas de fachada para facilitar a compra de petróleo iraniano e o envolvimento com “navios fantasmas” que negociam ilegalmente com a Coreia do Norte. A pesquisa do comitê aponta que, entre agosto e dezembro de 2023, quase 40% dos produtos enviados de Hong Kong para a Rússia eram itens prioritários que provavelmente estavam sendo usados para a produção de armamentos russos, incluindo mísseis e aeronaves.

A mudança no panorama político de Hong Kong, após a imposição de uma lei de segurança nacional por Beijing em 2020, gerou uma reflexão crítica entre os legisladores dos EUA sobre a continuidade da política americana de apoio ao setor financeiro da cidade. “Agora devemos questionar se a política de longa data dos EUA em relação a Hong Kong é apropriada”, afirmaram os legisladores.

Resposta de Hong Kong

O governo de Hong Kong, por sua vez, refutou as acusações, acusando os críticos de lançar calúnias infundadas contra o centro financeiro da cidade. Em uma declaração oficial, o governo de Hong Kong rejeitou com veemência as alegações de envolvimento em atividades ilícitas, reafirmando que a cidade segue as sanções do Conselho de Segurança das Nações Unidas. No entanto, a administração local se opôs às sanções unilaterais impostas por outros países, que considera uma violação da ordem internacional.

“Manter a integridade e a robustez dos nossos sistemas financeiros é uma prioridade para o governo de Hong Kong. Nossos bancos e instituições financeiras cumprem os mais altos padrões internacionais, incluindo aqueles relacionados à prevenção de lavagem de dinheiro e ao financiamento do terrorismo“, afirmou um porta-voz do governo de Hong Kong.

O caminho adiante

À medida que as tensões geopolíticas entre os Estados Unidos e a China continuam a crescer, a cidade de Hong Kong encontra-se no epicentro de um debate internacional sobre a integridade e a transparência de seus sistemas financeiros. O futuro da relação comercial entre os EUA e Hong Kong agora depende de uma reavaliação cuidadosa, não só das práticas financeiras, mas também da postura política do território sob o controle de Pequim.

Enquanto o governo de Hong Kong defende seu compromisso com a ordem internacional, os legisladores dos EUA exigem mais transparência e ações concretas para mitigar os riscos de atividades ilícitas que, segundo eles, estão minando a estabilidade global. O próximo passo será decisivo, não apenas para a cidade, mas também para a dinâmica econômica e política entre as potências mundiais.

Implicações para o setor financeiro global

Com a crescente influência de Beijing sobre Hong Kong, o setor financeiro global está diante de um dilema: até que ponto os riscos associados à cidade comprometem sua posição como um hub financeiro internacional? A resposta a essa questão poderá moldar a estratégia de grandes bancos e investidores, além de influenciar a política econômica global.

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