EUA e seus aliados afundam falso navio chinês em manobra militar

Exercícios de guerra contaram com mais de 16 mil soldados norte-americanos e filipinos para testar a resistência a Beijing

Cerca de 16 mil soldados norte-americanos e filipinos e centenas de militares australianos participam atualmente de um grande exercício militar no Mar da China Meridional, que começou no dia 22 de abril e vai até sexta-feira (10). Nesta semana, o ponto alto das manobras foi o afundamento de um falso navio de guerra chinês, um teste do poder de fogo dos aliados para um eventual confronto com Beijing. As informações são da agência Associated Press (AP).

A embarcação em questão foi fabricada na China e pertencia à Marinha das Filipinas, que o desativou em 2020. Apesar da origem do navio, os aliados trataram de dissociar as manobras da rivalidade com a China e disseram que a simulação não teve uma nação específica como alvo. Entretanto, considerando o local onde os exercícios ocorreram, a associação é inevitável.

Filipinas e China reivindicam grandes extensões do Mar da China Meridional, que é uma das regiões mais disputadas do mundo. Nesse cenário, Manila acusa Beijing de avançar sobre sua jurisdição territorial e de outros países, ao construir ilhas artificiais e plataformas de vigilância e incentivar a saída de navios pesqueiros para além de seu território marítimo.

Navio militar dos EUA nas manobras militares ao lado das Filipinas (Foto: x.com/INDOPACOM)

O objetivo da agressiva política chinesa é aumentar de forma gradativa a soberania do país no Mar da China Meridional, por onde passam anualmente cerca de US$ 3 trilhões em comércio marítimo.

A disputa entre China e Filipinas está especificamente concentrada nas Ilhas Spratly, em torno das quais ocorre o exercício atual. O arquipélago está dentro da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) filipina, área que o país chama de Mar das Filipinas Ocidental.

As Filipinas mantêm uma base militar nas Ilhas Spratly, que se resume a um navio encalhado e ocupado por soldados para marcar a posição do país. A missão regular de reabastecimento das instalações é frequentemente assediada por navios chineses, que chegaram a causar colisões com embarcações filipinas.

A insegurança de Manila diante da ameaça de perder o controle da área fortaleceu a aliança com os EUA. “Não temos meios para combater todo esse bullying vindo da China. Então, aonde mais iremos?”, disse, à AP o embaixador das Filipinas nos EUA, José Romualdez. “Fomos ao aliado certo, que são os Estados Unidos e aqueles que acreditam no que os EUA estão fazendo.”

O exercício serviu como uma mensagem a Beijing de que a aliança entre Manila e Washington é firme. Segundo a revista Newsweek, o Comando Indo-Pacífico das Forças Armadas dos EUA, que lidera as manobras, afirmou que o principal objetivo é “testar e validar as redes combinadas de fogo”, usando para isso “tantas plataformas combinadas de detecção e tiro quanto possível.”

Quanto à ação contra o navio de origem chinesa, foi ressaltada pelo coronel Douglas Krugman, da Marinha dos EUA. “Conhecemos a letalidade e a capacidade das nossas munições para afundar alvos marítimos”, disse. “Este exercício tratou da capacidade coletiva de nossas redes de fogo combinadas e do aumento da interoperabilidade para detectar e disparar contra alvos de uma variedade de plataformas terrestres, marítimas e aéreas das Filipinas, dos EUA e da Austrália.”

Tags: