Filipinas suspeitam que espiões chineses se infiltraram em unidade secreta de segurança

O governo da China poderia ter usado seus agentes para comprometer missões de segurança da Guarda Costeira filipina

A Guarda Costeira das Filipinas admitiu recentemente que ao menos 36 cidadãos chineses conseguiram se infiltrar em uma de suas unidades secretas, o que levou parlamentares locais a sugerirem que se trata de um ato de espionagem por parte de Beijing. As informações são do jornal South China Morning Post.

A revelação foi feita no mês passado pelo almirante Ronnie Gil Gavan, mas somente agora o caso veio a público. Segundo ele, todos os chineses atuavam em um destacamento voluntário para civis da Guarda Costeira, conhecido como PCGA (Auxiliares da Guarda Costeira Filipina, da sigla em inglês), e já foram expulsos.

“Conduzimos uma investigação. Passamos pelas agências de inteligência e de segurança nacional e retiramos 36 deles”, disse o militar, citando os supostos espiões. “Verificamos a conformidade e os padrões estabelecidos e descobrimos que eles não cumpriam, então iniciamos sua exclusão. Eles agora estão excluídos.”

Lancha da Guarda Costeira das Filipinas (Foto: facebook.com/coastguardph)

O episódio inflamou a oposição política, que acusa o governo filipino de não ter adotado as medidas necessárias para impedir que indivíduos ligados a um governo rival ingressassem na corporação. Isso em um momento de especial tensão entre os dois países, conforme a China intensifica as ações para fazer valer sua reivindicação territorial no Mar da China Meridional.

A disputa entre os dois países ocorre em torno das Ilhas Spratly, um arquipélago dentro da Zona Econômica Exclusiva (ZEE) das Filipinas, região que o país chama de Mar das Filipinas Ocidental. Manila mantém uma base militar no local, mas a missão regular de reabastecimento é frequentemente assediada por navios chineses.

O posto militar nada mais é que um antigo navio encalhado e ocupado por militares filipinos. A China, como parte de sua reivindicação territorial nas Ilhas Spratly, constantemente pede a Manila que remova a embarcação. Como os pedidos não são atendidos, passou a assediar as missões de reabastecimento.

Para o parlamentar filipino Robert Barbers, a presença dos chineses no PCGA pode ter ajudado Beijing em suas operações agressivas. “Esses chineses serviram como membros auxiliares da nossa Guarda Costeira durante dois, três anos”, disse. “Eles podem estar desempenhando funções de espionagem disfarçados de membros da força auxiliar.”

Como os membros do destacamento são voluntários, usam barcos civis para patrulhar, embora estejam uniformizados e armados. Assim, conseguem passar quase despercebidos quando realizam operações de segurança. Para a Guarda Costeira, trata-se de uma “arma secreta” crucial no enfrentamento a Beijing e nas ações contra pesqueiros ilegais.

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