Mais de 150 passageiros de um trem sequestrado por separatistas na província do Baluchistão, no Paquistão, foram resgatados pelas forças de segurança locais nesta quarta-feira (12). O ataque ocorreu na véspera, quando o trem Jaffar Express, com mais de 400 pessoas a bordo, foi interceptado por membros do Exército de Libertação Balúchi (ELB), grupo armado que reivindica a independência da região. As informações são da rede Al Jazeera.

Os passageiros viajavam entre Quetta e Sibi quando o comboio, carregando mulheres, crianças e militares, foi obrigado a parar em uma região montanhosa. Segundo fontes das forças de segurança, pelo menos 27 combatentes separatistas morreram no confronto. Além disso, dez passageiros foram mortos, incluindo o maquinista da composição.

O ataque foi reivindicado pelo grupo separatista ELB, que luta pela independência do Baluchistão em relação ao Paquistão. Os rebeldes explodiram bombas e bloquearam a passagem do trem por túneis na região do Bolan Pass. Embora parte dos passageiros tenha conseguido fugir e chegar a pé à estação próxima de Panir, cerca de 200 pessoas, a maioria militares, ainda estão sob domínio do grupo armado.

A ação dos separatistas veio acompanhada de um ultimato de 48 horas ao governo do Paquistão para a liberação “incondicional de prisioneiros políticos balúchis desaparecidos à força e ativistas da resistência nacional”, conforme a declaração oficial divulgada pelos sequestradores. As autoridades paquistanesas ainda não se manifestaram oficialmente sobre as demandas dos insurgentes.

A situação humanitária dos reféns que permanecem em poder do grupo preocupa as autoridades locais. A vulnerabilidade de mulheres e crianças, supostamente utilizadas como escudo humano pelos separatistas, dificulta ações mais agressivas dos militares. “Os militantes estão impedindo uma ofensiva total ao usar reféns como proteção”, afirmaram autoridades, sob condição de anonimato.

Luta pela independência

Separatistas como o ELB lutam por maior autonomia política do Baluchistão em relação a Islamabad e pelo direito de explorar os vastos recursos da região. Isso gerou desavenças particularmente com a China, sob a acusação de que o Corredor Econômico China-Paquistão (CPEC), anunciado em 2015, estaria sugando as riquezas da região sem melhorar as condições da população local.

Os balúchis argumentam que o projeto bilionário de infraestrutura não tem beneficiado a região, enquanto outras províncias paquistanesas colhem os frutos. O caso gera protestos generalizados, e os chineses são vistos como invasores dispostos a extrair as riquezas da região.