Gripe aviária, pneumonia e outras infecções respiratórias na Ásia geram novo alerta de saúde

Impacto social e econômico de uma pandemia pode ser avassalador, como visto durante a crise da Covid-19

Hospitais chineses têm registrado um aumento nas infecções respiratórias, principalmente em crianças. Embora surtos semelhantes não sejam generalizados em outras partes do mundo, a Irlanda também está enfrentando situação parecida, trazendo preocupações sanitárias que remetem a um passado recente. As informações constam de um artigo escrito por Zachary Abuza, professor do National War College em Washington e adjunto da Universidade de Georgetown para a rede Radio Free Asia.

A falta de transparência das autoridades chinesas contribui para a incerteza em meio a essa evolução da situação, embora a Comissão Nacional de Saúde (NHC, da sigla em inglês) tenha afirmado à Organização Mundial da Saúde (OMS) que esse aumento é atribuído a patógenos conhecidos, como a gripe e infecções bacterianas comuns que afetam especialmente as crianças, incluindo a pneumonia por micoplasma. Mas não é o único temor de saúde global no momento. 

Os casos de Covid-19 estão aumentando novamente, levantando preocupações sobre uma nova variante, já que Beijing não divulgou muitas informações sobre a recente onda de infecções. Enquanto isso, a gripe aviária (H5N1) se espalhou entre 2022 e 2023, com o Japão relatando o último surto. Na Índia, as autoridades de saúde agiram em setembro para conter um surto do vírus Nipah, que, embora tenha infectado muitas pessoas, causou apenas duas mortes.

Mulheres durante a pandemia de Covid-19 nas Filipinas (Foto: WikiCommons)

O mundo está pronto para enfrentar outro vírus que pode se espalhar de animais para humanos? As lições da última pandemia são suficientes, e a transparência da China melhorou? As respostas ainda não são claras, aponta a reportagem.

Agora, é fundamental que as autoridades de saúde melhorem a partilha de informações, promovam a colaboração na análise de dados e implementem planos de resposta. Isso evitaria surpresas, como aconteceu em 2019 com o coronavírus.

Vítimas de gripe aviária

Na China, o aumento das infecções respiratórias é atribuído a uma combinação de bactérias e vírus, incluindo gripe sazonal e Mycoplasma pneumoniae, também conhecida como “pneumonia ambulante”. As autoridades de saúde afirmam que não há detecção de novo coronavírus e não foram relatadas mortes. Além disso, surtos de H5N1, conhecido como gripe aviária, foram relatados em vários países da Ásia e do Sudeste Asiático em 2023.

Na Indonésia, um surto de H5N1 afetou 4.400 patos em Kalimantan, sem casos conhecidos de transmissão humana. No Camboja, duas mortes por H5N1 foram registradas, a primeira transmissão humana desde 2014, com um grande surto próximo à fronteira vietnamita. Na China, surtos de H5N1 foram relatados em julho, e seis transmissões humanas de H5N6 ocorreram em 2023, resultando em uma morte em setembro, elevando o total para 88 casos desde 2014, com uma taxa de mortalidade de 52%.

Nipah

O vírus Nipah (NIV), altamente letal. causou um surto em 1998 na Malásia e Singapura, com 265 casos e 105 mortes. Desde então, não houve surtos nesses países.

A Índia enfrenta o sexto surto desde 2001. Em setembro, as autoridades do Estado de Kerala emitiram um alerta máximo. O surto causou pelo menos duas mortes, apesar das medidas de contenção que foram implementadas.

Bangladesh teve 11 surtos entre 2001 e 2011, com 237 mortes em 335 casos. As Filipinas tiveram um surto em 2014. Testes estão sendo feitos no Sudeste Asiático, com precauções como cancelamento breve de aulas nas Filipinas e monitoramento em Bali, Indonésia. Apesar da ausência de sinais da doença, as autoridades de saúde estão preocupadas.

A infecção pelo vírus é classificada como uma “doença zoonótica”, sendo transmitida de animais, como porcos e morcegos frugívoros, para os seres humanos, conforme definido pela OMS. Também pode ser transmitida através de alimentos contaminados ou do contato com uma pessoa infectada.

Lições aprendidas?

As economias do Sudeste Asiático reduziram as metas de crescimento para 2023 devido à recuperação pós-Covid mais lenta e à recessão na China. O medo de uma crise econômica devido a outra pandemia é evidente.

Apesar da constante preocupação de cortes nos orçamentos da saúde pública após a pandemia, enquanto os governos buscam a recuperação econômica, é crucial persistir no investimento contínuo em monitoramento da saúde pública.

Os Estados Unidos realizaram investimentos significativos no Sudeste Asiático, abrangendo países como Tailândia e Vietnã, com o objetivo de detecção de doenças emergentes.

Os surtos recentes na região destacam que poucas ameaças têm um impacto maior na segurança e prosperidade dos Estados do que uma pandemia.

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