Um homem foi detido no Paquistão por supostamente espalhar informações falsas que provocaram distúrbios no Reino Unido no mês passado, após um ataque fatal com faca na cidade de Southport no qual três meninas morreram. As informações são da CNN.
O suspeito, identificado como Farhan Asif, 32 anos, um desenvolvedor web freelancer, foi preso em Lahore, no leste do país, acusado de terrorismo cibernético, conforme informou Imran Kishwar, inspetor-geral adjunto de investigações da cidade.
A prisão está ligada ao site Channel3 Now, que se apresenta como um canal de notícias no X (antigo Twitter). Essa conta foi uma das primeiras a divulgar a informação incorreta de que o suspeito do ataque em Southport, no dia 29 de julho, era um requerente de asilo recém-chegado ao Reino Unido e que seu nome sugeria origem muçulmana.

Asif é acusado de disseminar desinformação através do YouTube e do Facebook após um ataque em que um agressor esfaqueou até a morte três meninas e feriu outras 10 pessoas em uma aula de dança em Southport.
Após informações falsas provocarem um ataque violento a uma mesquita próxima ao local do esfaqueamento no dia seguinte, a polícia emitiu um comunicado pouco comum esclarecendo que o suspeito era britânico de nascimento.
A polícia paquistanesa informou à CNN que Asif supostamente admitiu ter criado a história com base em informações copiadas de uma conta de mídia social do Reino Unido, sem verificar a veracidade dos dados.
Um policial relatou à reportagem que o site de Asif era usado para publicar notícias dos EUA, Reino Unido e Austrália, visando gerar tráfego e receita com anúncios do Google. O acusado admitiu que ganhava cerca de mil dólares (R$ 5,5 mil) por mês com isso.
No dia 31 de julho, o editor-chefe do Channel3 Now publicou um pedido de desculpas pelas “informações incorretas divulgadas em um artigo recente em nosso site, Channel3 Now“. E acrescentou: “Pedimos desculpas profundamente por qualquer confusão ou inconveniente que isso possa ter causado”.
No entanto, a desinformação provocou mais de uma semana de distúrbios em cidades por todo o Reino Unido, resultando em mais de mil prisões.
As autoridades no Reino Unido responsabilizaram ativistas de extrema direita por causar os distúrbios ao continuar espalhando informações falsas e estimulando protestos violentos online.
A polícia de Lahore encaminhou o caso à Agência Federal de Investigação do Paquistão (FIA), responsável por casos de terrorismo cibernético.
A agência afirmou que a desinformação “gerou um clima de medo e insegurança” na Inglaterra e também prejudicou a imagem do Paquistão.