Manifestos na Tailândia inspiram críticas discretas à ditadura no vizinho Laos

No Sudeste Asiático, país é um dos mais fechados do mundo e governado por ditadura de partido único

Os protestos pró-democracia na Tailândia inspiraram cidadãos do vizinho Laos a, de forma discreta, subir hashtags contra a ditadura local. O país é dominado por um regime de partido único comunista desde 1975.

A hashtag, traduzida como “se a política lao fosse boa” virou trending topic no Twitter, informou o diário britânico “Financial Times” nesta terça (20). Foram cerca de 400 mil tweets de contas laocianas e tailandesas.

Nas redes sociais, falava-se de uma “Primavera da Asean”, o bloco econômico de países do Sudeste Asiático.

Manifestos na Tailândia inspiram críticas discretas à ditadura do vizinho Laos
Vendedor de alimentos em rua de Vientiane, capital do Laos (Foto: Needpix)

As hashtags teriam sido impulsionadas pela chamada Milk Tea Alliance, grupo pró-democracia com membros de Hong Kong, da Índia, de Taiwan e da Tailândia.

O Laos é um regime muito mais fechado que o tailandês, na prática uma ditadura militar com um monarca distante mas poderoso. Não há espaço para imprensa e sociedade civil críticas, e a produção das universidades é controlada de perto pelas autoridades laocianas.

A supressão a posturas críticas ao governo é tratada no país como questão de segurança nacional. Em agosto de 2019, o ativista Od Sayavong desapareceu após fugir para a Tailândia. A suspeita é a de que o jovem de 34 anos foi assassinado, com omissão ou anuência da polícia local.

Em novembro, outros sete foram presos por planejar uma manifestação pacífica na capital Vientiane. Diversos participantes passaram a ser monitorados pelo governo, que não tolera dissidência, reportou a ONG Human Rights Watch.

Como Vientiane adere a uma economia de mercado relativamente aberta, inspirada nos modelos da China e do Vietnã, muito pouco se fala a respeito da situação de direitos humanos no país.

O Laos, uma das nações mais pobres da Ásia, é membro da Asean e da OMC (Organização Mundial do Comércio). Até 1991, a situação era distinta: a dependência dos recursos da URSS (União Soviética) era alta.

Com o fim da URSS e de sua principal fonte de recursos, o governo passou a incentivar investimento estrangeiro mas mantém forte controle da maioria das grandes empresas, sobretudo aquelas consideradas estratégicas.

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