Conteúdo adaptado de material publicado originalmente em inglês pela ONU News
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiado (Acnur) divulgou uma declaração expressando grande preocupação com os relatos de que dois barcos transportando refugiados rohingya afundaram na costa de Mianmar no início deste mês, causando cerca de 427 mortes.
Segundo relatos, um barco transportando 267 pessoas de Cox’s Bazar, em Bangladesh, e do estado de Rakhine, em Mianmar, afundou em 9 de maio, com apenas 66 sobreviventes, disse o Acnur.
No dia seguinte, um segundo barco, que fugia com 247 pessoas, virou, deixando apenas 21 sobreviventes. Em um incidente separado, relatos indicam que, em 14 de maio, um terceiro barco, transportando 188 rohingyas, foi interceptado ao partir de Mianmar.
Desde agosto de 2017, violência em massa, ataques armados e violações de direitos humanos forçaram centenas de milhares de rohingyas, principalmente muçulmanos, a fugir do estado de Rakhine, em Mianmar, para buscar refúgio no vizinho Bangladesh, particularmente na região de Cox Bazar.
Na semana passada, o Acnur expressou preocupação com relatos de que refugiados rohingyas foram forçados a desembarcar de um navio da Marinha indiana no Mar de Andamão. Reportagens noticiaram que dezenas de refugiados foram detidos em Délhi, vendados, levados de avião para as Ilhas Andamão e Nicobar, depois transferidos para um navio da Marinha e forçados a nadar até a costa.

Resposta da ONU
Na declaração, Hai Kyung Jun, diretor do escritório regional do Acnur para Ásia e Pacífico, alertou que a piora da situação humanitária, agravada pelos cortes de financiamento às agências da ONU, está levando mais rohingyas a arriscar viagens marítimas perigosas.
Ela enfatizou a necessidade urgente de maior proteção nos países de primeiro asilo e maior compartilhamento de responsabilidades para evitar novas tragédias.
O porta-voz adjunto da ONU, Farhan Haq, destacou durante coletiva de imprensa que, com a temporada anual de monções em andamento, as condições perigosas do mar refletem o desespero daqueles que tentam fugir.
Ele também observou que, até agora neste ano, uma em cada cinco pessoas que realizam tais viagens marítimas na região foi relatada como morta ou desaparecida, ressaltando a escala de risco e desespero enfrentados pelos rohingya.
Segundo dados do Acnur, até 30 de abril havia 1.272.081 refugiados rohingyas oficialmente deslocados e apátridas de Mianmar. Cerca de 89% buscam asilo em Bangladesh e 8,8% na Malásia.
A agência de refugiados precisa de US$ 383,1 milhões para manter o apoio essencial aos refugiados rohingyas e comunidades anfitriãs em Bangladesh, Malásia, Índia, Indonésia e Tailândia em 2025. Até o momento, apenas 30% dessa meta de financiamento foi atingida.