ONU: Há preocupação com uso de força contra manifestantes em Mianmar

Protestos começaram há 15 dias, após golpe militar que derrubou lideranças eleitas no pleito de novembro

Este conteúdo foi publicado originalmente pelo portal ONU News, da Organização das Nações Unidas

As Nações Unidas expressaram esta terça-feira grande preocupação com relatos de uso de força por policiais e militares contra manifestantes, em Mianmar.

De acordo com os relatos, várias pessoas foram feridas, alguns delas de forma grave, na capital, Naypyidaw, Mandalay e outras cidades do país.

Apelo

Na semana passada, militares tomaram o poder após alegarem fraude nas eleições de novembro que deram vitória ao partido Liga Nacional para a Democracia, de Aung San Suu Kyi. A conselheira de Estado faz parte das dezenas de cidadãos, incluindo líderes políticos e parlamentares, que foram presos. 

ONU: Há preocupação com uso de força contra manifestantes em Mianmar
A política e ativista birmanesa Aung San Suu Kyi (centro) é questionada por jornalista em coletiva de imprensa da ONU (Foto: UN Photo/Violaine Martin)

Em nota, o coordenador residente da ONU no país, Ola Almgren, pediu “às forças de segurança que respeitem os direitos humanos e as liberdades fundamentais, incluindo o direito à reunião pacífica e à liberdade de expressão.”

Segundo ele, “o uso de força desproporcional contra os manifestantes é inaceitável.”

Almgren lembrou as palavras do secretário-geral da ONU, António Guterres, pedindo que a liderança militar respeite a vontade do povo de Mianmar, com quaisquer diferenças sendo resolvidas por meio do diálogo pacífico.

Nações Unidas

Na semana passada, o Conselho de Segurança realizou uma reunião de emergência sobre a situação no país asiático.  

Na sessão, a enviada especial do secretário-geral para o país, Christine Schraner Burgener, exortou o órgão a fazer pressão para evitar que a situação se agrave. 

Em nota publicada pelo porta-voz, o secretário-geral pediu “que a comunidade internacional fale a uma só voz.”  

Guterres expressou sua preocupação com transferência de todos os poderes legislativos, executivos e judiciais para os militares. Segundo ele, “esses acontecimentos representam um golpe sério nas reformas democráticas em Mianmar.”

ONU: Há preocupação com uso de força contra manifestantes em Mianmar
Parlamento de Naypyidaw, capital de Mianmar, em setembro de 2018 (Foto: WikiCommons/Mayor mt)

O secretário-geral afirmou ainda que as eleições gerais, que aconteceram em 8 de novembro de 2020, fornecem “um forte mandato à Liga Nacional para a Democracia, refletindo a vontade clara do povo de Mianmar de continuar no caminho duramente conquistado da reforma democrática.”

O presidente da Assembleia Geral, Volkan Bozkir, também se juntou às vozes pedindo a libertação imediata dos líderes políticos detidos.

Em sua conta oficial no Twitter, Bozkir disse que “as tentativas de minar democracia e o Estado de direito são inaceitáveis.” Segundo ele, “os líderes militares devem aderir às normas democráticas e respeitar as instituições públicas e a autoridade civil.”

Em nota, a alta comissária para os direitos humanos, Michelle Bachelet, alertou para a presença de segurança nas ruas da capital e outras cidades, dizendo que “há medos profundos de uma repressão violenta contra vozes dissidentes.”

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