As marinhas da região Ásia-Pacífico estão intensificando seus investimentos em capacidades anfíbias, refletindo preocupações crescentes com a segurança regional e a expansão militar da China. Países como Japão, Austrália, Filipinas, Taiwan e Índia estão reformulando suas estratégias marítimas para proteger seus territórios e responder a potenciais ameaças. As informações são do Defense News.
No Japão, a Força de Autodefesa Terrestre (JGSDF) planeja incorporar deznovas embarcações de desembarque até 2027, incluindo dois navios de apoio logístico (LSV, da sigla em inglês) de 3,5 mil toneladas, quatro embarcações de apoio de desembarque (LCU) de 2,4 mil toneladas e quatro embarcações menores. Essa iniciativa reforçará a Brigada de Desdobramento Rápido Anfíbio, unidade equivalente aos fuzileiros navais. Segundo autoridades japonesas, a medida é uma resposta direta às tensões no arquipélago sudoeste, vulnerável a incursões chinesas.
“À luz do ambiente de segurança cada vez mais severo, estamos comprometidos em fortalecer as capacidades de transporte marítimo para proteger nossas ilhas”, afirmaram os militares japoneses. Em novembro, o primeiro LSV foi lançado pelo estaleiro Naikai Zosen, enquanto o primeiro LCU foi entregue em outubro. Essas embarcações integrarão um novo Grupo de Transporte Marítimo conjunto, que será ativado em março de 2025.
A Austrália segue uma abordagem similar, investindo em 26 novas embarcações anfíbias, incluindo 18 Landing Craft Medium (LCM) e oito Landing Craft Heavy (LCH), projetadas para transportar tropas, veículos e cargas diretamente da água para áreas costeiras ou praias sem a necessidade de infraestrutura portuária.
As embarcações, construídas localmente, fazem parte de uma estratégia para modernizar a capacidade de defesa costeira do país. De acordo com o chefe do Exército Australiano, tenente-general Simon Stuart, os primeiros modelos deverão estar operacionais até 2026. “Estamos buscando uma mudança radical em nossas capacidades atuais, trabalhando em estreita colaboração com a indústria”, disse Stuart.
O governo australiano também destacou que os novos meios navais serão centrais em uma estratégia de “negação defensiva”, permitindo o deslocamento de forças com capacidades de ataque de longo alcance tanto em terra quanto no mar.
Enquanto isso, as Filipinas já operam dois navios da classe Tarlac e têm outros dois em construção na Indonésia, previstos para entrega em 2026. As embarcações são essenciais para a movimentação de tropas entre as ilhas do arquipélago e para a manutenção de bases nas áreas disputadas do Mar da China Meridional, onde Manila enfrenta crescente pressão de Beijing.
Taiwan, por sua vez, adicionou o LPD Yushan à sua frota em setembro de 2022. Com 10 mil toneladas, o navio foi projetado para apoiar operações logísticas, reabastecimento de ilhas remotas e ações de contramedida a minas. Embora não seja suficiente para conter uma invasão em grande escala, ele fortalece as capacidades defensivas da ilha diante das constantes ameaças chinesas.
Já a Índia, apesar de seu interesse em modernizar suas forças anfíbias, enfrenta desafios em termos de financiamento e prioridades estratégicas. Um projeto de 2021 para a aquisição de quatro LPDs avançou lentamente, em meio a tensões nas fronteiras terrestres com a China e o Paquistão. A proposta mais significativa até o momento vem da espanhola Navantia, em parceria com a Larsen & Toubro, que oferece a plataforma Juan Carlos I.